Satélites detectam sinais magnéticos das marés da Terra com precisão inédita

Cientistas captaram, com detalhes sem precedentes, as assinaturas magnéticas geradas pelas marés oceânicas da Terra. Esses sinais, detectáveis por satélites em órbitas extremamente baixas, podem revelar informações cruciais sobre a distribuição de magma sob o fundo do mar, conforme divulgado pela Agência Espacial Europeia (ESA).

Ao interagirem com o campo magnético da Terra, as marés oceânicas geram correntes elétricas que produzem sinais magnéticos fracos. Em um estudo publicado mês passado na revista Philosophical Transactions of the Royal Society A, pesquisadores analisaram esses sinais utilizando dados da missão Swarm, da ESA, composta por três satélites que monitoram o campo magnético terrestre desde 2013.

Representação artística dos satélites Swarm, da ESA. Crédito: ESA–P. Carril, 2013

Segundo Alexander Grayver, geofísico e professor da Universidade de Colônia, na Alemanha, os sinais detectados estão entre os mais sutis já registrados pela missão. “Isso só foi possível graças a condições únicas durante o período de coleta de dados”.

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Como o campo magnético da Terra influencia as medições

O campo magnético da Terra é gerado pelo movimento de ferro fundido eletricamente carregado no núcleo externo do planeta. Esse fenômeno cria uma “bolha” protetora que nos resguarda de radiação cósmica e partículas solares. Apesar de sua força, sinais gerados por fenômenos como as marés oceânicas são extremamente fracos, dificultando sua captação em meio ao “ruído” magnético natural.

Dois fatores foram cruciais para o sucesso da detecção: a redução na atividade solar durante o mínimo solar da década de 2010 e o fato de os satélites Swarm terem se aproximado mais da Terra ao longo dos anos. O mínimo solar é uma fase do ciclo de 11 anos do Sol em que sua atividade diminui, reduzindo as interferências de partículas carregadas e radiação.

“Os dados são excepcionais porque foram coletados em um momento de baixa atividade solar, quando o clima espacial estava mais calmo”, explicou Grayver.

Mapas das partes reais e imaginárias dos campos magnéticos radiais de maré oceânicos observados. Crédito: Alexandre Grayver, Christopher C. Finlay e Nils Olsen

Inicialmente planejada para terminar em 2017, a missão Swarm foi estendida devido aos resultados significativos obtidos. O arrasto atmosférico fez com que os satélites se deslocassem para altitudes mais baixas, melhorando sua capacidade de captar sinais fracos do campo magnético.

De acordo com Anja Strømme, gerente da missão Swarm, essa extensão permitiu explorar questões científicas que não estavam previstas inicialmente. O estudo mostra que os satélites podem revelar informações valiosas das profundezas dos oceanos.

Com previsão de operar até 2030, quando ocorrerá outro mínimo solar, a missão Swarm poderá abrir novas oportunidades para desvendar sinais ocultos no campo magnético da Terra, oferecendo pistas inéditas sobre os mistérios do planeta.

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