Ressoa estreia EP no Dia da Visibilidade Trans: ‘pelo direito de exercer nossos dons longe de violência’

Nesta quarta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans, a artista não-binária Ressoa lança, em todas as plataformas digitais, o seu EP homônimo. O show de lançamento será no espaço colaborativo Realejo, rua Arcipreste Manoel Teodoro, Batista Campos, em Belém.
Segundo a artista, repleto de identidade e da poesia de um corpo fora do eixo, o EP manifesta a força lutas contra todas as barreiras de preconceito sofridas pelas existências Trans na Amazônia.
“A estreia desse projeto representa a possibilidade de pessoas transgênero exercerem seus dons distantes das condições de violências impostas sobre os seus corpos”, afirma Ressoa.
O EP ressalta as sonoridades da música popular e folclórica brasileira com a proposta de ser um ponto de confluência entre a musicalidade da região Norte do Brasil e a música contemporânea do mundo. “Sempre busquei pelo som genuíno das palavras que eu canto, por isso o meu trabalho musical tem o nosso sotaque, para ser – literalmente – uma expressão emitida da Amazônia para o mundo” conta Ressoa.
Com referências da cultura popular e erudita brasileira, Ressoa envereda pela poesia, estudos de voz e canto em performance, da imagem e da consciência do corpo que expressa suas questões e olhares que descrevem as versões de si no mundo. Estuda canto e interpretação desde 2011, em instituições como a Casa da Linguagem, Casa das Artes e Emufpa, entre a memória afetiva e o agora forma-se o repertório como intérprete e autoral artístico.
Em sua atuação, já compôs a programação de diversos espaços culturais de Belém e festivais como a segunda edição do “Atraque” e “BoulevArt”, em 2019, show comemorativo dos 33 anos do Teatro Margarida Schivasappa e “TakaNight entra na MARSHA”, em 2020, do II Festival NoiteSuja “Identidades Transformadoras”, em 2021 e da edição II do (RE) EXISTIR da Lacigspa.
São cinco faixas autorais que retratam a visão e sentimento de mundo de Ressoa, este produto de arte resulta das vivências afetivas e das lutas sociais pelo direito de existir em sua essência, em Belém do Pará. O EP é resultado de um prêmio recebido pela Lei Paulo Gustavo.
Com produção musical de Almino Henrique e João Paulo Daibes, e a colaboração dos grandes músicos: Angela Rika, Lariza, Lorena Monteiro, João Paulo Pires, Paulo Robson, Maurício Panzera e Jimmy Góes, formou-se uma grande obra cultural.
Confira, abaixo, uma entrevista exclusiva com Ressoa:
1. Você lança seu primeiro trabalho profissional no Dia da Visibilidade Trans. Conta sobre essa escolha.
É preciso celebrar as conquistas contra a transfobia, lançar essa expressão neste dia reforça a possibilidade de existirmos sem – somente – a violência sobre os nossos corpos.
2. A existência trans na Amazônia é algo que atravessa sua obra? Conta a respeito.
A minha narrativa não aborda – diretamente – a existência Trans na Amazônia, eu existo na Amazônia. Esse primeiro trabalho, reflete sobre a busca por identidade num tom mais poético do que político sobre (r)existir aqui. Essa consciência e ação sobre as violências que me afetam – ainda – é um processo.
3. Você é artista há longo tempo e agora vai lançar seu trabalho. Comenta sobre suas inspirações artísticas, sobre o que te move nessa trajetória.
Me inspira a maneira como as pessoas podem subverter suas fragilidades em força, quando mergulham em si e se reconhecem firmes e frágeis, e por isso tão fortes. Muitos artistas são belezas no meu repertório, mas tenho escutado os trabalhos artísticos da nossa região a fim de valorizar a diversidade da nossa expressão.
4. O que você acredita que precisa avançar nos direitos T neste momento no Brasil? Quais os maiores desafios?
Ainda lutamos por inclusão social, proteção contra a violência e pela garantia do direito ao uso de banheiros públicos, então… Nem dá pra conjecturar avanços para essa lida com aspectos básicos de dignidade. Neste momento anseio por isso, dignidade.
Serviço:
Lançamento do EP RESSOA, nesta quarta-feira, 29, às 19h, no espaço colaborativo Realejo, rua Arcipreste Manoel Teodoro, 616 – Batista Campos, Belém- PA. Entrada franca.
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