PF arrebenta esquema de corrupção no INSS com “idosos de aluguel”

As investigações demonstraram a existência de um grupo voltado à falsificação em larga escala de Certidões de Nascimento, Carteiras de Identidade (RG), Títulos Eleitorais e CPFs, com o objetivo de criar identidades fictícias de supostos idosos com mais de 65 anos

A Polícia Federal, em parceria com o Núcleo de Inteligência Previdenciária, deflagrou a Operação Melhor Idade – Segunda Fase, com o objetivo de desarticular uma ampla organização criminosa especializada em fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O esquema criminoso envolvia a concessão indevida de benefícios assistenciais a idosos, utilizando identidades falsas e a participação de servidores públicos corruptos. Os agentes estão nas ruas, casas e escritórios de todo o país na manhã desta quinta-feira, 6.

As investigações identificaram uma quadrilha bem estruturada, com divisões específicas para falsificação de documentos, abertura de contas bancárias e obtenção fraudulenta de benefícios. Além disso, os criminosos realizavam empréstimos consignados em nome de “idosos de aluguel”, indivíduos que emprestavam suas características biométricas – como impressões digitais e fotos – para validar identidades forjadas. Em alguns casos, uma única pessoa aparecia registrada em mais de 30 identidades distintas.

Diante da gravidade dos crimes e dos prejuízos causados, a Justiça Federal determinou uma série de medidas cautelares, incluindo busca e apreensão, cancelamento de CPFs, bloqueio de contas bancárias, suspensão de benefícios fraudulentos, sequestro de bens e, em casos específicos, prisão dos envolvidos.

As primeiras diligências, realizadas em 23 de janeiro de 2024, resultaram na prisão de três suspeitos, além da apreensão de celulares, mídias, documentos falsos, cartões de benefícios, extratos bancários e anotações que reforçaram as provas já coletadas. A análise do material apreendido revelou movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada dos investigados, sugerindo indícios de lavagem de dinheiro. Também foram identificados novos benefícios obtidos de forma fraudulenta e outros integrantes da organização criminosa.

Apesar da ofensiva inicial da PF, o grupo criminoso continuou operando e realizando saques irregulares de benefícios. Diante da persistência da fraude, novas medidas foram adotadas e, nesta quinta-feira, foram cumpridos mandados contra 16 novos investigados em quatro estados: Piauí, São Paulo, Goiás e Distrito Federal.

Até o momento, foram identificados 21 “idosos de aluguel” que registraram aproximadamente 285 CPFs e Títulos Eleitorais falsos. Com esses documentos fraudulentos, mas ostentando a biometria real dos idosos envolvidos, a quadrilha abriu contas bancárias e acessou o Cadastro Único do Governo Federal para obter cerca de 259 Benefícios de Prestação Continuada ao Idoso, que garante um salário mínimo mensal. Utilizando a margem consignável desses benefícios, os fraudadores ainda contrataram diversos empréstimos, ampliando os prejuízos aos cofres públicos.

O esquema já causou um impacto de R$ 23 milhões aos cofres da União, mas a ação rápida da Polícia Federal evitou um prejuízo estimado de R$ 35 milhões. As investigações continuam para responsabilizar todos os envolvidos e reforçar os mecanismos de controle e segurança na concessão de benefícios sociais.

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