Trump cumpre promessa e taxa aço e alumínio em 25%; Brasil é afetado

O Brasil é o terceiro maior fornecedor de aço para os Estados Unidos, ficando atrás apenas de Canadá e México

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpriu, nesta segunda-feira, 10, promessa feita nesse domingo,9 e seu governo passará a taxar em 25% todas as importações norte-americanas de aço e alumínio. A decisão de Trump afeta diretamente o Brasil, que atualmente é um dos principais fornecedores de aço para os EUA. A Ordem Executiva foi assinada no fim da tarde desta segunda, nos Estados Unidos.

Desde quando assumiu a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025, Trump tem feito ameaças tarifárias como estratégia para proteger os interesses dos EUA. Até o momento, haviam sido anunciadas taxações para as importações de produtos do México, Canadá e China. Os presidentes do México e do Canadá buscaram entendimentos com os EUA e, temporariamente, as tarifas foram suspensas.

De acordo com Trump, a medida vai atingir importações de metal de todos os países, inclusive antigos aliados. “Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%”, declarou o presidente republicano, aos repórteres que o acompanhavam no avião presidencial.

As maiores fontes de importações de aço dos EUA são Canadá, Brasil e México, seguidos pela Coreia do Sul e Vietnã, de acordo com dados do governo e do American Iron and Steel Institute.

Brasil afetado

Por uma grande margem, o Canadá é o maior fornecedor de metal de alumínio primário para os EUA, respondendo por 79% do total de importações nos primeiros 11 meses de 2024. O México é um grande fornecedor de sucata de alumínio e liga de alumínio. Segundo dados do Departamento de Comércio americano, o Brasil é o terceiro maior fornecedor de aço para o país, ficando atrás apenas de Canadá e México.

Durante seu primeiro mandato presidencial, entre 2017 e 2021, Trump chegou a adotar tarifas para as importações de aço e alumínio. Os exportadores do setor chegaram a anunciar demissões no Brasil, mas, o presidente norte-americano voltou atrás e a cobrança de impostos foi cancelada.

Na conversa com os jornalistas, o líder norte-americano ainda revelou que deve anunciar “tarifas recíprocas” contra países que taxam as importações dos EUA.

Reações no mundo

A implementação de tarifas por Trump foi amplamente criticada e provocou reações voláteis do mercado e medo de mais por vir. Pequim apresentou uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas, de resto, foi silenciosa em sua resposta.

As tarifas impostas por Trump estão muito abaixo do nível que ele havia ameaçado durante a campanha eleitoral, e analistas disseram que a China estava preparada para elas.

As ações de Pequim — que também incluem investigações sobre várias empresas dos EUA, incluindo o Google — foram vistas por analistas como comedidas e permitindo espaço para negociação.

UE promete represália

Em meio a uma reação mais ampla contra a mão pesada econômica de Trump, o presidente francês Emmanuel Macron alertou em uma entrevista transmitida nesse domingo que estava disposto a ir “frente a frente” em tarifas com o presidente dos EUA. “Já fiz isso e farei (sic) novamente.”

Macron disse que a UE não deve ser uma “prioridade máxima” para os EUA, dizendo: “A União Europeia é seu primeiro problema? Não, acho que não. Seu primeiro problema é a China, então você deve se concentrar no primeiro problema.”

Segundo Macron, as tarifas prejudicariam as economias europeias, mas também os EUA, dado o nível de laços econômicos. “Isso significa que se você colocar tarifas em muitos setores, isso aumentará os custos e criará inflação nos EUA. É o que seu povo quer? Não tenho tanta certeza”, ressaltou ele.

Ele disse que a UE deve estar pronta para reagir às ações dos EUA, mas enfatizou que o bloco de 27 nações deve principalmente “agir por nós mesmos”. “É por isso que, para mim, a principal prioridade da Europa é a agenda de competitividade, é a agenda de defesa e segurança, é a ambição da IA, e vamos rápido por nós mesmos.

“Se, enquanto isso, tivermos [um] problema de tarifa, discutiremos e consertaremos.” Com informações do jornal britânico The Guardian.

Brasil não taxará plataformas

Segundo a colunista do jornal Folha de São Paulo, Mônica Bérgamo, a Secom (Secretaria de Comunicação do Governo), comandada pelo publicitário Sidônio Palmeira, afirma que o governo não vai taxar plataformas digitais norte-americanas como resposta à elevação de tarifas sobre o aço e o alumínio, anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

A medida de Trump, se oficializada, atingirá diretamente o Brasil, que é o segundo maior exportador de aço para a nação norte-americana —exportando 48% de tudo o que vende no exterior para os EUA.

A Secom afirma, no entanto, que a medida não está na mesa de Lula no momento, e que não é possível misturar os assuntos, “menos ainda como resposta ao presidente Trump”. “Não haverá taxação associada à resposta aos EUA” caso o país imponha tarifas elevadas ao aço e ao alumínio, diz a Secom.

O governo brasileiro está fazendo de tudo para evitar uma guerra comercial com Trump.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo só se manifestaria depois de anúncios concretos, e o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, disse que o governo Lula só reagirá depois de um anúncio oficial dos EUA sobre a elevação de tarifas.

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