Um dos fundadores do Cinema Novo, Cacá Diegues produziu clássicos brasileiros e deixa filme inédito; relembre trajetória


Um dos fundadores do Cinema Novo, Cacá assinou filmes como ‘Bye Bye Brasil’ e ‘Xica da Silva’, e finalizava ‘Deus Ainda é Brasileiro’, previsto para agosto de 2025. Ele faleceu depois de complicações em uma cirurgia. Cacá Diegues
Assessoria
Morreu nesta sexta-feira (14) o cineasta, produtor e escritor Carlos José Fontes Diegues, conhecido como Cacá Diegues, aos 84 anos. Ele faleceu depois de complicações em uma cirurgia.
Natural de Maceió, no Alagoas, Diegues foi um dos fundadores do Cinema Novo e um dos cineastas mais respeitados do cinema brasileiro. Ao produzir filmes como “Orfeu”, “Tieta do Agreste”, “Bye Bye Brasil” e “Xica da Silva”, se debruçou sobre a identidade social e cultural do povo brasileiro.
Relembre filmes de Cacá Diegues
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Cacá e o Cinema Novo
Filho de um antropólogo e uma fazendeira, Cacá cresceu no Rio de Janeiro. Cursou Direito na PUC-Rio e, já na faculdade, fundou um cineclube ao lado de nomes como David Neves e Arnaldo Jabor – clube que passou a se tornar um dos núcleos de fundação do Cinema Novo.
Com o lema “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, Diegues fez parte do célebre grupo de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirszman e mais. O grupo liderou um movimento vital para o cinema nacional nos anos 60 e 70, inspirado no neorrealismo italiano e a Nouvelle Vague francesa – mas acima de tudo, enraizado na cultura brasileira.
Diegues dirigiu “Escola de Samba Alegria de Viver”, seu primeiro filme profissional, em 1962. Também passou a trabalhar como jornalista, fazia ensaios cinematográficos e refletia sobre uma utopia brasileira.
Cacá Diegues
Estadão Conteúdo
De ‘Bye Bye, Brasil’ a ‘Deus Ainda É Brasileiro’
Cacá produziu obras que são consideradas parte essencial do cinema brasileiro. Trabalhou em filmes, comerciais e videoclipes. Em suas produções, falava sobre a história política, social e cultural do país.
Seis de suas obras já disputaram uma indicação ao Oscar: “Xica da Silva”, “Bye bye, Brasil”, “Um trem para as estrelas” (1987), “Dias melhores virão” (1989), “Tieta do Agreste” (1997), “Orfeu” (2000) e “”O Grande Circo Místico” (2019).
José Wilker no filme Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues
Reprodução
Cacá produziu filmes até o fim de sua vida, sendo um dos poucos cineastas veteranos que ainda estava em atividade após a promulgação da Lei do Audiovisual em 1993.
Seu último filme é “Deus Ainda É Brasileiro”, “continuação” ainda não lançada de “Deus é Brasileiro” (2003). Ele se inspirou pelos anos da pandemia e os acontecimentos políticos para refletir sobre o “caráter brasileiro”, contou ao g1 em 2022.
“Prefiro dizer que ‘Deus Ainda é Brasileiro’ se trata de um spin-off, pois é um filme saído daqueles personagens, daquelas situações, mas não é uma continuação. Esse filme aborda um outro momento da nossa história, em que Deus retorna ao Brasil para tentar recuperar a esperança na humanidade. Eu costumo dizer que esse filme é uma comédia cívica, por causa do seu tom patriótico”.
Vida e família
Cacá era oficial da Ordem das Artes e das Letras (l’Ordre des Arts et des Lettres) da República Francesa, membro da Cinemateca Francesa. Também tinha o título de Comendador da Ordem de Mérito Cultural e a Medalha da Ordem de Rio Branco, a mais alta do país.
O cineasta se tornou parte da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2019. Ocupou a cadeira 7, que já foi de Euclides da Cunha.
ABL publica homenagem a Cacá Diegues
Reprodução
Cacá foi casado com a cantora Nara Leão, entre 1967 e 1977. Juntos, viveram na Itália e na França, após a promulgação do AI-5. Tiveram dois filhos: Isabel e Francisco.
Ele era casado, desde 1981, com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães.
Em 2019, perdeu a filha Flora, vítima de um câncer no cérebro aos 34 anos. O cineasta deixa três netos.
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