Ativistas confrontam Lula em Belém e defendem “Amazônia sem petróleo”

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Belém, quarta-feira e ontem, foi marcada por um protesto de ambientalistas e pescadores que se opõem à exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, no Amapá. A manifestação expõe uma contradição no discurso de Lula, que se apresenta como defensor da Amazônia na cena internacional, especialmente com a aproximação da COP 30, que ocorrerá em novembro na capital paraense, mas, ao mesmo tempo, apoia os estudos da Petrobras na região.

Os ativistas aproveitaram a presença presidencial para realizar atos simbólicos em diferentes pontos da cidade, incluindo a Baía do Guajará e a Vila da Barca. Com faixas exibindo mensagens contundentes, como “Presidente Lula, não troque a Amazônia por petróleo”, os manifestantes reforçaram a pressão contra o governo federal e sua postura favorável à pesquisa petrolífera.

O Coordenador de Articulação e Redes do Observatório do Marajó, Luis Barbosa, destacou que a insistência do governo na exploração de combustíveis fósseis ignora os impactos socioambientais sobre as comunidades tradicionais e compromete os compromissos climáticos do país.

“Precisamos estar atentos, porque apoiar essa exploração significa compactuar com a destruição das comunidades tradicionais que o próprio governo afirma defender. Nosso apelo é ao presidente Lula e aos órgãos responsáveis: a Amazônia não pode ser sacrificada em nome do petróleo, ignorando os impactos nas populações tradicionais e nas mudanças climáticas para beneficiar apenas o capital financeiro”, afirmou o líder marajoara.

“Transição energética é Lenga-lenga”

A mobilização também criticou os altos investimentos da Petrobras na pesquisa de petróleo na região, questionando os argumentos do governo sobre a necessidade de recursos para a transição energética. “O presidente argumenta que a exploração de petróleo é necessária para financiar a transição energética, mas a própria Petrobras já admitiu ter investido mais de R$ 500 milhões apenas em pesquisas na área do bloco 59. Essa conta não bate. Isso sim é lenga-lenga”, rebateu Luis Barbosa, referindo-se às recentes declarações de Lula sobre a necessidade de liberação dos estudos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O ato foi organizado pelo Observatório do Marajó, que representa comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas, em parceria com o Coletivo Barca Literária e pescadores da Vila da Barca, além de contar com o apoio da organização ambiental internacional 350.org. A mobilização reforça a luta por uma transição energética justa e pela preservação dos territórios amazônicos, em um momento de intensificação do debate sobre o futuro ambiental do país.

Vídeo da ação

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