Crise dos alimentos: preços do café, ovo e carne disparam; saiba como economizar nas compras

Crise dos alimentos: preços do café, ovo e carne disparam; saiba como economizar nas compras

Os preços do café, do ovo e da carne continuam pressionando o bolso dos brasileiros.

Desde o início do ano, o governo Lula tem enfrentado um avanço da inflação dos alimentos, refletida nas prateleiras dos supermercados.

Por ser a responsável pelas compras de casa, a advogada Isadora Cardoso, de 32 anos, sentiu o impacto nas contas do mês.

Como ela segue um planejamento alimentar rigoroso voltado para o ganho de massa muscular, o ovo é um dos alimentos mais consumidos por ser “uma excelente substituição para outras proteínas, não apenas pelo custo, mas para variar receitas e sabores”.

Como alternativa, ela decidiu trocar o ovo pelo whey protein, já que uma dose do suplemento está saindo mais barata do que os ovos necessários para alcançar a quantidade de proteína da dieta alimentar.

“Calculando o valor de uma bandeja de ovos e a quantidade necessária para atingir a dosagem de proteína, tenho substituído por whey protein em receitas adaptadas como mingau de aveia proteico, iogurte com frutas e whey”, explica.

Já o café de todo dia para melhorar o rendimento no treino foi substituído por cápsulas de cafeína “pela praticidade de armazenamento e pelo custo do café comum”.

Isadora conta que há muitos anos tem o hábito de adquirir produtos com base no custo benefício, prática que foi reforçada agora com a alta de preços.

“Antes levava a marca de preferência, verificando em qual tamanho de embalagem o conteúdo tinha custo menor. Agora, tenho comparado produtos de diferentes marcas em busca do tamanho com o menor custo”.

Preços dos alimentos

O café lidera a lista dos alimentos que mais encareceram entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, tendo um peso significativo no orçamento das famílias brasileiras.

O produto registrou um aumento de 8,9%, segundo a pesquisa Variações de Preços: Brasil & Regiões, realizada pela Neogrid.

A empresa é especializada em tecnologia e inteligência de dados para a gestão da cadeia de consumo. 

O levantamento aponta que o preço médio do café saltou de R$ 53,90 para R$ 58,68 no período analisado.

O café já havia liderado os maiores aumentos de preço ao longo de 2024, com uma alta acumulada de até 46,1% na comparação anual.

Além do café, a pesquisa aponta que carnes, ovos e itens de higiene também registraram aumentos expressivos.

Segundo o estudo, outros produtos que apresentaram variações significativas foram carne bovina (+3,4%), ovos (+2,1%), água mineral (+1,9%) e shampoo (+1,7%).

Saiba quais os produtos mais caros em cada região do país:

Mudança da rotina alimentar

A estudante de educação física, Mônica Caldas, de 45 anos, é alguém que precisou mudar a rotina alimentar com relação ao consumo de ovos.

A família dela é grande, formada por cinco pessoas, e cada uma tinha o hábito de consumir 3 a 4 unidades de ovos por dia.

“Agora, estou consumindo apenas dois ovos, pois com a a cartela a R$25 fica difícil. Passei a comprar uma cartela de ovos por semana”, destaca.

Diante do contexto inflacionário, ela também começou a fazer mais pesquisa de mercado e comparar os preços.

Além disso, aumentou o consumo de legumes, carne de soja e frango, ao invés das proteínas com preços mais elevados, como carne e ovo.

O que explica?

Segundo o economista e educador financeiro, Gean Duarte, o aumento dos preços desses alimentos é motivado por vários fatores, como o clima (seca, enchente), o preço do dólar e ao custo do transporte.

“Isso faz com que o mercado fique instável e o carrinho de compras cada vez mais caro”, pontua Duarte.

O especialista explica quais as principais causas para a alta de preços dos seguintes alimentos:

  • Café: As plantações sofreram com secas e geadas nos últimos anos, diminuindo a produção. Além disso, o Brasil exporta muito café, e quando tem menos oferta, o preço sobe.
  • Ovo: As galinhas comem milho e soja, que estão mais caros. Se a ração sobe, o ovo sobe junto.
  • Carne: Tem menos boi para abate no momento, e a China está comprando muito do Brasil. Com menos carne por aqui e mais procura, o preço dispara.

Questionado sobre a possibilidade de um alívio no cenário de preços altos, Gean destacou que não há perspectiva e que a tendência é que os brasileiros continuem sentindo o peso no bolso por um tempo.

Como economizar?

O economista Gean Duarte dá dicas na hora das compras do mês que podem ajudar a manter as contas sob controle. São elas:

  • Faça uma lista e vá direto ao ponto. Nada de comprar no impulso. Antes de sair de casa, anote só o necessário;
  • Compare preços. Um mesmo produto pode ter diferença grande de preço em mercados diferentes. aplicativos como Clube de Descontos ou Menor Preço Brasil ajudam nisso;
  • Compre frutas, legumes e verduras da estação. Por exemplo, manga e melancia são mais baratas no verão, enquanto laranja e batata doce são melhores no inverno;
  • Aproveite cupons e cashback. Muitos supermercados dão desconto pra quem compra pelo app. Às vezes, um simples cadastro já faz você pagar menos;
  • Evite desperdício. Sobrou arroz? Faz um bolinho de arroz. Tem pão velho? Dá pra fazer torrada. Pequenas mudanças ajudam a gastar menos.

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