Trump defende medidas comerciais, migratórias e geopolíticas no Congresso

O presidente Donald Trump disse que os “Estados Unidos estão de volta” em um discurso para celebrar seis semanas de governoJIM WATSON

Jim WATSON

Os Estados Unidos de Donald Trump “estão de volta”. O presidente republicano defendeu na terça-feira (4), no Congresso, as tarifas, suas medidas contra a imigração, prometeu “uma guerra contra os cartéis”, recuperar o Canal do Panamá, além de reservar muitos elogios a Elon Musk.

Em um discurso de uma hora e 40 minutos, o mais longo de um presidente americano diante do Congresso, Trump falou sobre seus projetos para “um futuro incrível, porque a era de ouro dos Estados Unidos está apenas começando”.

O “sonho americano é imparável”, declarou entre aplausos dos republicanos, para grande pesar dos democratas, que protestaram com cartazes com as palavras “Falso” ou “Isso é uma mentira!”.

Logo no início do discurso, o congressista democrata Al Green foi expulso porque não parava de agitar sua bengala em direção a Trump e de interrompê-lo dizendo que ele não foi eleito para desmantelar os programas de saúde.

Mas o milionário de 78 anos não se intimidou e citou o que considera as conquistas de suas primeiras semanas de governo.

Em plena guerra comercial com México, Canadá e China, países aos quais impôs tarifas de até 25%, ele defendeu as tarifas de importação.

– “Proteger a alma” –

“As tarifas não servem apenas para proteger os empregos americanos. Servem para proteger a alma do nosso país”, disse, embora tenha reconhecido que “algumas perturbações” serão registradas.

“Outros países têm utilizado tarifas contra nós durante décadas, e agora é nossa vez de começar a utilizá-las” contra eles, afirmou, citando Brasil, União Europeia, China, Índia, México e Canadá, entre outros.

Trump impôs tarifas aos países vizinhos porque, segundo ele, “permitiram que o fentanil entrasse” nos Estados Unidos “em níveis nunca vistos antes”.

Ele afirmou que os cartéis de drogas mexicanos representam “uma grave ameaça” à segurança nacional, traficam o opioide sintético, que provoca dezenas de milhares de mortes por ano no território americano, e cometem estupros e assassinatos.

“Os cartéis estão travando uma guerra contra os Estados Unidos, e é hora de os Estados Unidos travarem uma guerra contra os cartéis, que é o que estamos fazendo”, disse ao Congresso. Ele recordou que incluiu vários cartéis na lista de organizações terroristas.

O presidente mencionou de passagem a Ucrânia. Poucos dias após um confronto verbal no Salão Oval da Casa Branca com seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, reiterou que é necessário acabar com a “guerra sem sentido”.

Ele disse que recebeu uma carta de Zelensky na qual ele afirma estar “preparado” para negociar a paz com a Rússia e assinar um acordo de minerais com os Estados Unidos “a qualquer momento”.

– Recuperar o Canal do Panamá-

Ele voltou a ressaltar seus anseios expansionistas. Trump disse que “vai recuperar” o Canal do Panamá e apropriar-se da Groenlândia “de uma forma ou de outra”.

O discurso teve a presença de Elon Musk, o homem mais rico do mundo, que virou conselheiro do presidente americano, à frente do Departamento de Eficiência Governamental, responsável por cortar os gastos do governo federal.

“Obrigado, Elon. Está trabalhando muito duro”, disse Trump, depois que o magnata do setor de tecnologia se levantou na galeria do Congresso e recebeu muitos aplausos. “Muito obrigado, nós apreciamos”, acrescentou.

O discurso foi um espetáculo com cenas curiosas, como quando o chefe do Serviço Secreto entregou uma identificação oficial a um menino com câncer cerebral que sonha em se tornar policial.

Em geral, foi um discurso de campanha, sem qualquer tentativa de estabelecer uma aproximação da oposição, a quem Trump culpou por todos os males e diante da qual se vangloriou de ter acabado com a “tirania” dos programas de diversidade e inclusão.

“Nosso país não será mais woke”, disse.

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