Lula quer pegar ladrão que “roubou direito do povo de comer ovo”

O presidente Lula e o mistério dos ovos caros: seria trágico, não fosse cômico

Numa sexta-feira 14 que poderia ter sido só mais um dia de agenda presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva resolveu transformar a entrega de 789 ambulâncias do Samu em Sorocaba (SP) num palco para suas reflexões dignas de um stand-up. O petista, com o tom de quem acabou de sair de uma reunião com Sherlock Holmes, declarou que o Brasil vai produzir 59 bilhões de ovos em 2025, mas ainda não desvendou o enigma do século: por que diabos o ovo está caro nos supermercados?

“Até hoje não encontrei explicação sobre o preço do ovo. Estou querendo descobrir onde tem ladrão que roubou o direito de comer ovo do povo”, disparou Lula, com a gravidade de quem anuncia uma caça às bruxas – ou, melhor, às galinhas.

E por falar em galinhas, Lula não perdeu a chance de defender as pobres aves, que, coitadas, estão levando a culpa pela crise dos ovos. “Estão jogando a culpa em cima das galinhas […] não aceitamos isso”, bradou, rejeitando a ideia de que o calor intenso tenha feito as bichinhas botarem menos. Para embasar sua tese, o presidente revelou que fez um “estudo” – provavelmente no café da manhã, entre uma mordida no pão e um gole de café – comparando os preços de uma cartela de 30 ovos: R$ 144,05 em janeiro e R$ 210 em fevereiro.

Especialistas, esses chatos que insistem em estragar a narrativa com fatos, apontam que a alta vem do custo do milho, do calorão que o Brasil enfrenta e de uma demanda que subiu enquanto a produção ficou na mesma. Mas Lula prefere acreditar numa conspiração de ladrões de ovos a dar razão aos economistas.

Não contente em virar detetive dos preços, o presidente reciclou um hit da campanha de 2022: “O povo vai voltar a comer picanha!” Sim, a picanha, essa entidade mítica que Lula promete ressuscitar dos tempos áureos, agora acompanhada da garantia de que a carne vai baratear. “Estamos numa briga tremenda”, confessou, como se estivesse enfrentando vilões de capa preta para baixar o preço dos alimentos.

Entre uma promessa e outra, ele ainda encontrou tempo para se gabar: o desemprego está no menor nível da história, a economia cresce mais de 3% (algo que, segundo ele, não via desde 2010), e o PAC está bombando. Tudo isso enquanto o ovo, esse vilão teimoso, segue rindo da cara do trabalhador.

Isenção de IR até R$ 5 mil

Como se já não tivesse entregado material suficiente para memes, Lula arrematou com um anúncio que pode até fazer sentido: na próxima terça (18), vai revelar a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. “O governo quer salvar o povo trabalhador de pagar IR enquanto muita gente rica sonega”, disse, com aquele jeitinho de quem sabe que o povão adora um vilão de cartola.

“Quem ganha muito inventa sempre uma mutreta para não pagar imposto”, cutucou, mandando um recado aos ricos que, na visão dele, vivem de “mutretas” enquanto os pobres carregam o país nas costas. Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad, que já vinham aquecendo o público para esse momento, devem estar aliviados: a promessa de campanha finalmente vai sair do papel.

Seria trágico, não fosse cômico. Lula, com seu jeitão de avô contando lorota no almoço de família, transformou uma cerimônia séria num show de improviso. Enquanto ele caça ladrões de ovos e jura que as galinhas não têm culpa, o brasileiro comum segue pagando caro pelo café da manhã – e rindo, porque chorar já não adianta mais.

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