Advogados do Pará denunciam “facada” no bolso pela Unimed Belém

Ter plano de saúde no Brasil é uma dor no bolso que não cessa – e, pasmem, nem com remédio judicial essa sangria estanca. Em Belém, a Unimed resolveu mostrar os dentes afiados, não só contra o usuário comum, mas também contra os advogados do Pará, um grupo que já não anda nadando em dinheiro fácil. Segundo denúncia de advogados ao Ver-o-Fato, a operadora decretou um reajuste abusivo de 51,92% nos contratos ligados à OAB-PA, uma verdadeira paulada que transforma uma mensalidade de R$ 400,00 em quase R$ 700,00.

Isso mesmo: uma “facada” de mais de 50% nas finanças de quem já vive com o orçamento no limite, anunciada num aviso frio e sem pudor enviado aos associados.

O comunicado da Unimed Belém, datado para entrar em vigor em fevereiro de 2025, diz o seguinte, com a cara lavada: “Informamos que em fevereiro de 2025 a Unimed Belém procederá ao reajuste anual do valor do seu plano de saúde. […] Devido à alta sinistralidade no período, a Unimed Belém está propondo um reajuste de 51,92%. A OAB-PA está no momento em negociação com a Unimed Belém buscando o menor percentual de reajuste possível.”

Traduzindo: “Vamos meter a mão no seu bolso, e se reclamar, a OAB que tente nos segurar”. Que beleza.

Uma advogada, com toda razão, botou a boca no trombone: “Houve comprovação desse aumento de sinistralidade pela Unimed?”. A resposta da operadora foi um malabarismo digno de circo: “A Unimed informa que esse percentual de reajuste está sendo solicitado devido à alta sinistralidade nos últimos 12 meses. […] O reajuste é conforme está em contrato.”

Eles ainda jogam no colo da Cláusula XI do contrato, item 11.6, que prevê reajuste por “desequilíbrio econômico-atuarial”. Parece bonito no papel, mas na prática é um cheque em branco para as operadoras enfiarem o pé na porta do orçamento alheio.

É para esfolar

A advogada, insistente, foi mais fundo: “Certo! Porém, há base legal para um reajuste dessa monta?”. E aí veio o golpe final da Unimed, com um descaso que beira o deboche: “O valor que a Unimed está propondo para o seu plano seria reajustado para o valor informado, mas lembre que a OAB-PA está em negociação com a Unimed em busca de um percentual menor e assim que for finalizado a negociação lhe informamos.”

Em outras palavras: “A gente quer te esfolar, mas relaxa que a OAB tá chorando um desconto pra você”. Que consolo. O reajuste poderia ficar em “apenas” 37 por cento. Dói mais quando se ri.

Esse é o retrato do mercado de saúde suplementar no Brasil: operadoras com um apetite voraz, que não hesitam em cravar a faca nas parcas finanças dos clientes enquanto restringem serviços médicos como se fossem favor.

A tal “sinistralidade” virou a desculpa mágica para justificar aumentos estratosféricos, mas cadê a transparência? Quem fiscaliza isso? A sensação é de que os usuários – e agora até os advogados – estão reféns de um sistema que lucra com a doença e pune quem precisa de cuidado.

Um horror, uma vergonha, um assalto à luz do dia. E o pior: nem a justiça, que os advogados tão bem conhecem, parece dar jeito nessa farra.

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