Israel acusa o Egito de violar tratado de paz com presença militar na Península do Sinai

As relações entre Egito e Israel voltaram a se deteriorar após acusações de que o governo egípcio estaria desrespeitando o tratado de paz de 1979 ao reforçar sua presença militar na Península do Sinai. A movimentação de tropas e a construção de novas bases militares próximas à Faixa de Gaza acenderam o alerta no Estado judeu, que vê nas ações egípcias um possível risco à estabilidade da região. As informações são da revista Newsweek.

A preocupação de Israel foi expressa em março pelo ministro da Defesa, Yoav Katz, que alertou o Egito sobre os limites impostos pelo acordo firmado há mais de quatro décadas. As zonas de segurança estabelecidas pelo tratado restringem o número de tropas e equipamentos militares que cada país pode posicionar na área. Apesar disso, autoridades israelenses alegam que o Cairo tem ultrapassado esses limites.

Península do Sinai no Mar Vermelho (Foto: Stuart Rankin/Flickr)

Em resposta, o ex-oficial egípcio Samir Farrag justificou o aumento do contingente com base em “questões de segurança nacional”, citando a presença de grupos militantes que operam no norte do Sinai. Ele afirmou à imprensa árabe que os reforços militares em Rafah, na fronteira com Gaza, foram feitos com coordenação israelense.

A tensão se agravou após a proposta do presidente dos EUA Donald Trump de transferir palestinos da Faixa de Gaza para o Egito, uma ideia prontamente rejeitada pelos egípcios. O presidente Abdel Fattah al-Sisi disse que “o povo egípcio pode ficar tranquilo, pois nunca haverá qualquer tolerância ou permissão para comprometer a segurança nacional do Egito.”

O Egito acusa Israel de ter rompido o acordo ao assumir o controle do Corredor Filadélfia, uma faixa de segurança de mais de 14 quilômetros na fronteira entre Gaza e Egito.

O parlamentar egípcio Mostafa Bakry criticou duramente o governo israelense: “Quando o ministro sionista da Guerra diz que Israel não aceitará a crescente presença militar egípcia no Sinai, só podemos responder: o Sinai é terra egípcia, e vocês violaram o acordo de paz com o Egito ao ocuparem o Eixo Salahuddin.”

Os desdobramentos ocorrem em meio ao prolongado conflito em Gaza e adicionam um novo elemento de instabilidade ao já frágil equilíbrio na região.

“O Egito construiu bases militares no Sinai que só podem ser usadas para operações ofensivas — isso é uma clara violação. Isso será colocado na mesa muito em breve e de forma enfática”, disse o embaixador de Israel nos EUA, Yechiel Leiter.

Histórico de tensão

Em 1979, o Egito se tornou o primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel, estabelecendo laços de segurança estreitos entre as nações. Conflitos ao longo de sua fronteira compartilhada são eventos raros, mas um deles ocorreu recentemente. Em junho de 2023, um oficial da polícia de fronteira egípcia atirou e matou três soldados israelenses, no primeiro incidente do gênero ao longo da demarcação em mais de uma década.

Em 2013, Israel ergueu uma cerca de segurança ao longo da fronteira do Sinai, estendendo-se por 225 quilômetros, com o objetivo de conter uma série de ataques realizados por grupos militantes que operam no vasto deserto da península. Além disso, a cerca também visava controlar o fluxo de migrantes e refugiados provenientes de regiões como o Sudão.

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