
Kawara Walch estava presa preventivamente desde o dia 8 de maio de 2024 em Uberlândia. Entre as condições para o regime domiciliar está não se aproximar do médico. Durante perseguição da vítima, ela chegou a enviar mais de 1.300 mensagens e fazer mais de 500 ligações em um dia. Kawara Welch estava presa desde o dia 8 de maio de 2024
Reprodução/Redes Sociais
A artista plástica Kawara Welch Medeiros, de 24 anos, acusada de perseguir um médico de Ituiutaba, teve a prisão domiciliar concedida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A mulher estava presa desde 8 de maio de 2024 na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O alvará de soltura foi cumprido na unidade prisional de Uberlândia no último domingo (20).
O g1 tenta contato com a nova defesa de Kawara, uma vez que os advogados que anteriormente representavam a jovem não estão mais à frente do caso.
🔔 Receba no WhatsApp as notícias do Triângulo e região
Stalker não poderá se aproximar do médico e da família dele
Após quase um ano na penitenciária, o Judiciário converteu a prisão preventiva da acusada em prisão domiciliar mediante a uma série de condições, dentre elas, a de não se aproximar do médico e da família dele.
Além disso, a jovem não pode se ausentar da comarca por mais de 7 dias sem prévia autorização judicial e ficar em recolhimento domiciliar noturno nos dias de semana, das 20h de um dia até as 6h do dia seguinte. Veja outras condições impostas pela Justiça:
Recolhimento domiciliar em período integral aos sábados, domingos e feriados;
Proibição de tentar ou de efetivamente entrar em contato com as vítimas e seus familiares, por qualquer meio e ainda que por pessoa interposta. Essa vedação inclui, por exemplo, ligações telefônicas, mensagens de SMS, e-mail, mensagens por aplicativo e redes sociais (ainda que por pessoa interposta ou por perfil falso);
Proibição de divulgar, por qualquer meio e ainda que por pessoa interposta, qualquer imagem, áudio, mídia, informação ou fatos sobre as vítimas e sobre o processo;
Proibição de usar, para si ou para outrem, ou de ceder, independentemente do fim a que se destina, eventuais dados das vítimas e de seus parentes que tenha posse ou acesso, como, por exemplo, números de telefone, endereço, e-mail, senhas e outros dados digitais ou informações sensíveis.
As investigações foram conduzidas pela Polícia Civil após mais de 40 boletins de ocorrência serem registrados. Kawara era considerada foragida desde março de 2023 e foi presa pelo crime de stalking, que ocorre quando uma pessoa persegue outra, pessoalmente ou por qualquer outro meio, como telefonemas e mensagens. A pena varia de seis meses a dois anos de prisão.
Stalker enviou mais de mil mensagens em um único dia à vítima
Segundo o médico, ele conheceu Kawara em 2018, quando a atendeu apresentando sintomas de depressão. Depois de outros dois atendimentos, a mulher procurou a clínica onde o médico trabalha e o stalking começou a ganhar força.
Em entrevista ao Fantástico, o médico contou que Kawara constantemente enviava fotos perturbadoras, com lençóis e cordas amarrados no pescoço, além de mandar mensagens se despedindo dele.
‘Tinha momentos de horrores’, diz médico que sofreu stalking por cinco anos
“Ela chegou a me passar 1.300 mensagens em um dia. E mais de 500 ligações num único dia. Eu troquei de número de celular umas três ou quatro vezes, mas parei de trocar porque vi que era totalmente inútil. Ela tinha uma facilidade incrível em achar meu número novo”, afirmou o médico.
De acordo com o advogado da acusada na época, Jean Fillipe Alves, existem provas de que a mulher e o médico tiveram um relacionamento, que foi descoberto pela esposa dele. “Temos um arcabouço de provas que mostra a evidente relação dos dois. Ela não consegue ficar longe dele porque ele sempre vai atrás dela, dizendo que a ama e colocando a família como impedimento para eles ficarem juntos”, disse o advogado.
No entanto, a vítima negou qualquer relação entre eles e a Polícia Civil também concluiu que não havia relacionamento amoroso entre os dois. “Nós acreditamos não houve esse relacionamento. E, mesmo se houvesse, não justifica de forma alguma esse tipo de ação, esse tipo de conduta da Kawara”, afirmou o delegado Rafael Faria.
LEIA TAMBÉM:
Mulher é presa por stalking após perseguir médico durante 5 anos em MG
Babá é presa após agredir e deixar criança presa em geladeira em Uberlândia
Ainda conforme o médico, Kawara tentou ser atendida por ele na clínica, mas o médico pediu à direção do hospital para que outro profissional a atendesse. Com isso, as ameaças aumentaram.
Nas mensagens, a suspeita dizia que iria contar para a família do médico sobre o relacionamento que eles tinham, além de ligar constantemente para a mulher e o filho de 8 anos do casal.
Não satisfeita em enviar mais de mil mensagens diárias à vítima, Kawara começou a persegui-lo nas ruas. Em 2022, a mulher invadiu o consultório onde uma paciente era atendida e houve troca de agressões com a esposa dele.
Um ano depois, mais um ataque ocorreu no mesmo local, com xingamentos e acusação de roubo, o que gerou mais um registro de ocorrência. Na época, a suspeita foi presa, mas ficou apenas uma semana na prisão, sendo liberada após pagar fiança de R$ 3,5 mil. Desde então, ela passou a responder ao processo em liberdade.
Após o episódio, a mulher fugiu, mas continuou com as ameaças e ligações insistentes para a vítima.
Em março de 2023, a Justiça determinou a prisão preventiva dela por voltar a descumprir as medidas cautelares. Kawara ficou mais de um ano foragida até ser presa no início de maio, em uma faculdade em Uberlândia, onde estudava Nutrição.
“A defesa nunca teve a oportunidade de se explicar de maneira devida. Em outra oportunidade foi determinado que houvesse uma acariação onde eles fossem colocados cara a cara, o que nunca aconteceu. A própria Kawara disse que prefere ficar presa do que prejudicar o médico e por isso resguarda muitas provas contra ele”, afirmou o advogado de Kawara.
Stalking: como identificar e o que fazer quando se é vítima de perseguição
Para além do stalking
Além do processo que analisa as acusações de perseguição contra o médico mineiro, a artista plástica Kawara Welch responde a processos por roubo, ameaça, furto e lesão corporal, conforme o TJMG.
A reportagem apurou que os processos contra a mulher de 24 anos são de crimes que teriam ocorrido entre 2021 e 2024, ou seja, a partir de dois anos após o início do stalking, em 2019.
Ao todo, Kawara era acusada, até o ano passado, em 11 procedimentos judiciais relacionados à perseguição ao médico. Veja a cronologia abaixo:
Procedimento investigatório criminal – 27/09/2021
Crime contra a administração da justiça – 22/10/2021
Alvará de soltura – 03/11/2021
Crime contra a administração pública – 09/12/2021
Liberdade provisória – 10/12/2021
Ação penal – 16/03/2022
Termo circunstanciado – 16/03/2022
Prisão em flagrante – 04/01/2023
Inquérito policial – 08/05/2024
Lesão corporal vítima – 10/05/2024
Processo em segredo de justiça
O TJ foi procurado para responder se já houve sentença em algum dos processos contra a ré. O g1 aguarda retorno.
📲 Siga as redes sociais do g1 Triângulo: Instagram, Facebook e X
📲 Receba no WhatsApp as notícias do g1 Triângulo
VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas