
O Mapa Interativo do Observatório BR-319, que usa tecnologia para monitoração, foi apresentado durante o 21º Acampamento Terra Livre (ATL) 2025.
Quem realizou a apresentação foi Thiago Castelano, do povo Parintintin e membro da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Ferramenta com tecnologia para monitorar a BR-319
A ferramenta digital reúne dados sobre 69 Terras Indígenas, 42 Unidades de Conservação e 13 municípios da área de influência da rodovia BR-319.

O mapa é utilizado como instrumento de monitoramento territorial, com informações sobre desmatamento, focos de calor, abertura de ramais e projetos de infraestrutura.
A plataforma já vem sendo usada por lideranças e organizações locais para articular ações de defesa de seus territórios.
Articulação internacional e pautas territoriais
A tenda da Coiab no ATL teve como tema “Pelo Clima e Pela Amazônia: A Resposta Somos Nós” e se tornou um espaço de articulação internacional em torno da COP30, prevista para acontecer em Belém (PA).
Representantes de povos Mura, Apurinã, Paumari, Jiahui, Tenharim, Parintintin, entre outros, destacaram temas como invasões, presença de grileiros, garimpeiros, madeireiros e aumento da violência contra lideranças indígenas.
Queda nos focos de calor em março de 2025
O monitoramento ambiental realizado pelo Observatório BR-319 registrou, em março de 2025, uma redução de 71% nos focos de calor na Amazônia Legal em relação ao mesmo mês de 2024.

Foram identificados 772 focos em toda a região. No estado do Amazonas, a queda foi de 31,4%, enquanto Rondônia apresentou uma redução de 81%.
Nos municípios da área de influência da BR-319, a queda foi de 94%, com apenas um foco registrado em Manicoré.
As Unidades de Conservação e Terras Indígenas monitoradas não apresentaram registros de focos de calor no período.
Desmatamento apresenta queda na área da BR-319
Apesar do aumento de 13,4% no desmatamento da Amazônia Legal em março de 2025, os estados do Amazonas e Rondônia apresentaram quedas de 46,4% e 53,4%, respectivamente.
Nos 13 municípios da BR-319, a redução foi de aproximadamente 68% em comparação ao mesmo período de 2024.

Entre os municípios monitorados, Tapauá e Borba foram os únicos que apresentaram aumento no desmatamento. Já Careiro, Manaquiri, Careiro da Várzea, Autazes e Manaus não registraram desmate.
Indígenas isolados enfrentam ameaças crescentes
O informativo também destacou a presença de pelo menos cinco grupos de indígenas isolados na área de influência da BR-319, entre os municípios de Lábrea, Humaitá e Canutama. Entre os registros está o grupo do Mamoriá Grande, localizado na calha do rio Purus, e os indígenas Hi-Merimã, que vivem sem contato no médio Purus.
Esses povos enfrentam riscos crescentes devido à abertura de ramais e projetos de infraestrutura. A Constituição Federal e normas internacionais reconhecem o direito ao isolamento voluntário, mas a efetivação da proteção depende de medidas como a criação de terras indígenas e restrições de uso.
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