O portal Ver-o-Fato, ao longo de sua curta trajetória, consolidou-se como um exemplo paradigmático de jornalismo social, comprometido com a transformação da realidade e a amplificação das vozes que, frequentemente, são silenciadas pelo descaso ou pela omissão das autoridades em qualquer ambiente de poder.
Sua atuação não se limita a relatar fatos ou oferecer análises superficiais, mas vai além, assumindo um papel ativo de cobrança, denúncia e proposição de soluções para questões que impactam diretamente a vida das populações mais vulneráveis, especialmente no contexto amazônico.
Essa postura, alicerçada em princípios éticos e compromisso com a verdade, reflete-se na credibilidade que o portal conquistou e reforça sua responsabilidade como agente de mudança em uma sociedade que, sem vigilância e valores, corre o risco de se degenerar.
O jornalismo social aqui praticado é aquele que incomoda, que aponta falhas estruturais e cobra ações concretas de autoridades públicas em áreas como saúde, educação, saneamento, transporte, habitação e meio ambiente. O Ver-o-Fato incorpora essa essência ao expor, com coragem e rigor, problemas que afetam as comunidades mais carentes do Pará e da Amazônia.
Seja denunciando a precariedade de hospitais regionais, a falta de infraestrutura em escolas ribeirinhas, a poluição de rios por atividades predatórias ou a ineficiência do transporte público em áreas periféricas, o portal não apenas informa, mas pressiona por mudanças. Suas reportagens, muitas vezes, transcendem a descrição dos fatos, funcionando como um chamado à ação, um convite à sociedade e aos governantes para que assumam suas responsabilidades.
Um exemplo emblemático dessa abordagem foi a cobertura do portal sobre casos de assédio sexual envolvendo figuras de autoridade, como a denúncia exclusiva publicada em 2020, que revelou acusações contra o arcebispo de Belém por parte de dois padres e sete ex-seminaristas. Essa matéria não se limitou a expor o caso, mas abriu espaço para um debate mais amplo sobre a necessidade de monitoramento, mesmo em instituições tradicionalmente intocáveis.
Exemplos
Ao fazê-lo, o Ver-o-Fato demonstrou que o jornalismo social não teme enfrentar poderes estabelecidos, desde que isso seja feito em nome da verdade e da justiça. Como ocorreu nas denúncias fundamentadas contra os desastres ambientais e sociais provocados pelas mineradoras multinacionais, a norueguesa Norsk Hydro e a francesa Imerys, na região de Barcarena, ou no caso Agropalma, envolvendo a grilagem de terras privadas e públicas . Só para ficar nesses quatro de muitos outros exemplos de nosso trabalho.
Além disso, o portal destaca-se por dar voz às comunidades marginalizadas, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, que enfrentam violações de direitos e negligência estatal. Suas reportagens sobre a devastação ambiental na Amazônia, por exemplo, não apenas denunciam os responsáveis, mas também mostram os impactos diretos nas vidas das populações que dependem dos rios e florestas para sobreviver.
Essa abordagem humaniza os fatos, reforçando o compromisso do Ver-o-Fato com os princípios éticos do jornalismo, que exigem veracidade, responsabilidade e respeito pela dignidade humana.
Credibilidade e coerência
A credibilidade do Ver-o-Fato não é um acidente, mas o resultado de sua consistência em praticar um jornalismo ético, investigativo e comprometido com o interesse público. Em um cenário onde a desinformação, as fake news e o sensacionalismo corroem a confiança na imprensa, o portal se destaca por sua apuração rigorosa e pela escolha de pautas que priorizam o bem comum, em vez de interesses comerciais ou políticos.
Como apontado em reflexões sobre a ética jornalística, a credibilidade depende da capacidade do jornalista de atuar como mediador entre a informação e o público, fundamentando suas reportagens em evidências sólidas e verificáveis. O Ver-o-Fato cumpre esse papel ao evitar a espetacularização de tragédias ou a manipulação de narrativas, práticas que, infelizmente, ainda persistem em alguns veículos.
A confiança conquistada pelo portal também é reforçada por sua independência. Ao não mirar nomes, pessoas, ideologias, partidos ou governos, mas focar na defesa de princípios éticos e morais, o Ver-o-Fato evita cair na armadilha do partidarismo ou da polarização, que tantas vezes compromete a imparcialidade jornalística.
Essa postura alinha-se com o que Émile Durkheim descrevia como “fato social”: normas e valores que moldam o comportamento coletivo e exercem coerção sobre os indivíduos, independentemente de suas vontades pessoais. No caso do Ver-o-Fato, esses valores são a transparência, a justiça e a equidade, que orientam suas denúncias e cobranças, independentemente de quem esteja no poder.
Com a credibilidade vem uma responsabilidade ainda maior. O Ver-o-Fato, ao se posicionar como um defensor dos pagadores de impostos e das populações desassistidas, assume o dever de manter sua integridade e de continuar sendo uma voz incômoda para as autoridades. Como destacado em estudos sobre a deontologia do jornalismo, o profissional da comunicação deve ser coerente com seus princípios, agindo com transparência e buscando o bem comum. Para o portal, isso significa não apenas denunciar, mas também propor soluções, acompanhar o desdobramento de suas reportagens e garantir que as vozes das comunidades afetadas sejam ouvidas.
Essa responsabilidade é ainda mais crucial em um contexto onde a sociedade, se não cobrar atitudes de seus líderes, pode deslizar para o que o texto inicial chamou de “degeneração”. Uma sociedade que abre mão de princípios éticos e morais – como a honestidade, a solidariedade e a justiça – torna-se vulnerável à corrupção, à desigualdade e à indiferença.
O Ver-o-Fato entende que o jornalismo social é uma barreira contra essa degeneração, pois, ao expor a negligência e cobrar ações, estimula a participação cidadã e reforça a ideia de que o poder público existe para servir, não para se servir. Como Aristóteles já apontava, a vida em comunidade depende de valores morais que garantam a ordem social e a justiça, e o jornalismo, nesse sentido, é um guardião desses valores.
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