Poluição de microplásticos pode ser pior do que imaginávamos

Um novo estudo do Centro de Biodiversidade Naturalis, na Holanda, sugere que a extensão da contaminação de microplásticos em ecossistemas de água doce é maior do que os cientistas imaginavam.

Os pesquisadores examinaram larvas de tricópteros, pequenos insetos que constroem invólucros protetores ao redor de si mesmos usando material vegetal, areia e pequenas pedras em seu ambiente.

Coletados nas décadas de 1970 e 1980, os invólucros são provenientes de riachos límpidos considerados intocados na época. Mas a pesquisa identificou partículas de plástico nas estruturas, indicando a contaminação já em 1971.

“A inclusão de plástico no invólucro de uma tricóptera significa que o plástico está entrando na cadeia alimentar”, disse o principal autor do estudo, Auke-Florian Hiemstra, ao site Live Science. “Se os tricópteros são afetados por microplásticos há mais de meio século, isso significa que o ecossistema em geral também é afetado.”

Os pesquisadores utilizaram a técnica de análise de raios X por dispersão de energia para revelar elementos químicos e aditivos comumente associados a plásticos dentro dos tricópteros.

Pesquisadores descobriram que esta carcaça de tricóptero de 1971 contém microplástico (Imagem: Auke-Florian Hiemstra/Reprodução)

A falta da dimensão real do problema

Hiemstra alerta que o impacto dos microplásticos nos sistemas de água doce são objeto de apenas 4% dos estudos atuais sobre microplásticos. Isso dificulta a visualização do real panorama do problema, segundo ele.

Apesar de a presença de microplásticos na década de 2000 ser bem documentada, a cronologia histórica da poluição ainda é vaga. A falta de dados históricos compromete uma avaliação sobre o impacto nos ecossistemas e nas populações humanas.

Microplásticos são pequenos fragmentos de polímeros sintéticos que podem levar de centenas a milhares de anos para se degradar. Eles são definidos como tendo entre 1 micrômetro e 5 milímetros de comprimento.

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Questão de saúde pública

O efeito dos microplásticos no corpo humano ainda são objeto de estudo, assim como produtos químicos presentes nos plásticos, incluindo ftalatos e substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas (PFAS).

Um close-up de uma carcaça de tricóptero de 1986 (Imagem: Auke-Florian Hiemstra/Reprodução)

Pesquisas iniciais relacionaram a exposição ao plástico ao risco de diversas condições de saúde, incluindo doenças cardíacas, doenças pulmonares, câncer e doença de Alzheimer. Apesar disso, a associação exata ainda é incerta, segundo a reportagem.

“Com o aumento das taxas de câncer entre os jovens e a crescente exposição [a microplásticos] desde a infância, os potenciais riscos à saúde a longo prazo — especialmente para aqueles expostos no útero — continuam sendo uma grande preocupação”, disse Bernardo Lemos, professor de farmacologia e toxicologia na Universidade do Arizona.

“Nossa compreensão dos potenciais danos da exposição a microplásticos é muito preliminar neste estágio”, afirmou. “Será interessante documentar como a abundância e a qualidade dos microplásticos mudam ao longo das décadas.”

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