Enquanto crescem as tensões da guerra comercial entre China e EUA, o cinema norte-americano mantém espaço nas telonas chinesas. Mesmo após o anúncio de Beijing sobre a intenção de reduzir as importações de filmes norte-americanos, uma série de grandes produções americanas está prestes a estrear no país. As informações são do jornal South China Morning Post.
Thunderbolts, da Marvel, deve chegar aos cinemas chineses na próxima semana, e em seguida a Disney lançará a aguardada versão live-action de Lilo & Stitch, no dia 23 de maio. Segundo especialistas do setor, os lançamentos indicam que a China, por ora, evita medidas mais severas contra Hollywood para não agravar ainda mais a disputa comercial.

Apesar da trégua momentânea, o mercado chinês já apresenta desafios consideráveis para as produções americanas. A arrecadação dos estúdios de Hollywood no país caiu drasticamente desde os anos pré-pandemia, à medida que o público local passou a preferir produções nacionais, que evoluíram em qualidade técnica.
Em 2025, o cinema chinês registra uma forte recuperação. Até terça-feira (29), as bilheterias já haviam somado 25,5 bilhões de yuans (R$ 18,1 bilhões), o que equivale a 60% do total arrecadado em todo o ano passado, segundo a plataforma Maoyan Pro. O crescimento, no entanto, tem sido puxado principalmente por filmes domésticos, como a animação Ne Zha 2, que se tornou o maior sucesso da história do cinema chinês.
A participação dos filmes estrangeiros no mercado caiu para 21,3% em 2024, contra mais de 35% em 2019. Em dois anos consecutivos, Hollywood não conseguiu emplacar nenhum título com bilheteria acima de 1 bilhão de yuans.
Para analistas, a decisão da China de anunciar uma redução na importação de filmes americanos é “mais sobre mostrar uma atitude” do que uma estratégia efetiva para impactar futuras negociações comerciais. “Eu não vejo necessidade de um corte significativo no número de filmes de Hollywood, e não acho que isso mudaria as relações comerciais entre China e Estados Unidos”, afirmou Zhou Mi, pesquisador da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica.
O futuro para Hollywood na China ainda é incerto e pode beneficiar não necessariamente o cinema chinês. Conforme destacou Lu Peng, da Academia de Ciências Sociais de Xangai, “filmes japoneses, em particular, podem conquistar uma fatia maior do mercado no contexto de redução de importações” de Hollywood. Ao mesmo tempo, filmes europeus, que tradicionalmente têm baixo desempenho na China, também podem se beneficiar, como indica um novo memorando assinado entre China e Espanha para cooperação cinematográfica.
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