Alerta de cheias na Amazônia: SGB prevê inundações severas e pede proteção aos ribeirinhos

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) emitiu o 2º Alerta de Cheias do Amazonas, apontando uma alta probabilidade de inundações severas nos rios Negro, Solimões e Amazonas em 2025. As previsões, divulgadas na quarta-feira, 30, durante evento na Superintendência do SGB em Manaus, indicam que cidades como Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins – que abrigam mais de 2,3 milhões de pessoas – enfrentam riscos significativos. O alerta, essencial para as populações ribeirinhas da Amazônia, reforça a necessidade de ações preventivas coordenadas pela Defesa Civil e outros órgãos, em um momento em que a região se prepara para uma cheia de grande magnitude.

Segundo o SGB, o rio Negro, em Manaus, tem 42% de chance de atingir a cota de inundação severa (29 metros), com uma previsão média de 28,91 metros. Em Manacapuru, o rio Solimões apresenta 53% de probabilidade de alcançar a cota de inundação severa (19,60 metros), enquanto em Itacoatiara, o rio Amazonas tem 94% de chance de superar os 14,20 metros, também na categoria de inundação severa. Parintins, por sua vez, registra 83% de probabilidade de ultrapassar a cota de inundação (8,43 metros).

As projeções, feitas com 45 dias de antecedência, confirmam as estimativas do 1º Alerta, emitido 75 dias antes, e apontam para uma cheia expressiva, embora abaixo dos recordes históricos de 2021.

“Estamos diante de um cenário que exige atenção redobrada. A cheia prevista está cerca de 1 a 1,2 metro abaixo da registrada em 2021 em Manaus e Manacapuru, mas a proximidade com as cotas de inundação severa demanda planejamento imediato”, destacou André Martinelli, gerente de Hidrologia e Gestão Territorial do SGB em Manaus. Ele atribuiu o comportamento dos rios a fatores como o atraso de 15 dias no pico da cheia do rio Madeira, que ocorreu em meados de abril, influenciando o regime hidrológico da região.

A importância vital do alerta para as populações ribeirinhas

O 2º Alerta de Cheias é mais do que um relatório técnico: é um instrumento de proteção para as comunidades ribeirinhas, que dependem dos rios para transporte, pesca e agricultura, mas também enfrentam os impactos devastadores das inundações. Em cidades como Manaus e Itacoatiara, onde as cheias afetam bairros inteiros e infraestrutura básica, as previsões do SGB permitem que a Defesa Civil organize evacuações, reforce barreiras contra alagamentos e distribua suprimentos essenciais.

Para as populações de áreas rurais, como as comunidades de Manacapuru e Parintins, o alerta é crucial para proteger moradias, plantações e o acesso à água potável, frequentemente comprometido pelas enchentes.

Alice Castilho, diretora de Hidrologia e Gestão Territorial do SGB, enfatizou a integração com outros órgãos: “Estamos trabalhando em conjunto com a Defesa Civil, o Censipam, o Inpa e a Casa Civil para antecipar os impactos. Além disso, colaboramos com instituições voltadas ao saneamento em comunidades vulneráveis, garantindo que as ações sejam abrangentes.”

A parceria com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) reforça a precisão das previsões climáticas, fundamentais para a tomada de decisões.

Um sistema de alerta que salva vidas

O SGB opera 17 Sistemas de Alerta Hidrológico (SAHs) no Brasil, beneficiando mais de 7 milhões de pessoas em regiões propensas a inundações. Na Amazônia, onde os ciclos de cheias e secas moldam a vida das populações, esses sistemas são indispensáveis. Por meio do Sistema de Alerta de Eventos Críticos (SACE), o SGB monitora os níveis dos rios em tempo real, fornecendo dados que orientam desde a evacuação de áreas de risco até a alocação de recursos emergenciais.

Em 2021, quando o rio Negro atingiu 30,02 metros em Manaus – o maior nível já registrado –, os alertas do SGB foram fundamentais para mitigar os impactos, embora milhares de famílias tenham sido desalojadas.

O alerta atual destaca a vulnerabilidade das populações ribeirinhas, muitas das quais vivem em áreas de várzea, onde as cheias anuais são parte do cotidiano, mas inundações severas podem causar perdas irreparáveis. “Essas comunidades têm uma resiliência impressionante, mas precisam de suporte estruturado para enfrentar eventos extremos”, observa Castilho.

A antecipação de 45 dias oferecida pelo SGB permite que prefeituras e organizações comunitárias preparem abrigos, estoque de alimentos e rotas de evacuação, reduzindo o impacto humano e econômico das cheias.

O 2º Alerta de Cheias do Amazonas é um lembrete da força da natureza e da urgência de políticas públicas que protejam as populações mais expostas aos impactos climáticos. A Amazônia, com sua complexa rede de rios, enfrenta desafios agravados pelas mudanças climáticas, que intensificam a frequência e a severidade de eventos hidrológicos extremos.

Embora as previsões do SGB sejam um avanço, a eficácia das medidas depende da rapidez e da coordenação entre os governos federal, estadual e municipal. A integração com a Casa Civil, já voltada para o período seco que sucederá a cheia, é um sinal positivo, mas é essencial que os recursos cheguem às comunidades mais isoladas.

Além disso, o alerta reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura resiliente, como sistemas de saneamento e habitações elevadas, que minimizem os danos das cheias. A Amazônia não pode continuar refém de um ciclo de emergência e recuperação. O trabalho do SGB, ao fornecer dados precisos e acessíveis, é um passo na direção certa, mas cabe às autoridades transformar essas informações em ações concretas que protejam a dignidade e a segurança das populações ribeirinhas.

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