O meia Miguelito, do América-MG, foi preso em flagrante em Ponta Grossa após ser acusado de injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR, durante a partida entre as equipes válida pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. O incidente, que ocorreu durante o jogo, foi testemunhado pelo volante Jacy, também do time paranaense.
De acordo com informações da Polícia Civil do Paraná, ao término do confronto, os três jogadores envolvidos – o acusado Miguelito, a vítima Allano e a testemunha Jacy – foram conduzidos por policiais militares até a 13ª Subdivisão Policial. Após serem ouvidos, a Polícia Civil decretou a prisão em flagrante de Miguelito, com base na Lei nº 7.716/89, que tipifica o crime de racismo.
Ainda segundo a Polícia Civil, já houve contato com os canais de transmissão da partida, por meio do advogado do Operário-PR, com o objetivo de obter imagens que possam ter registrado o momento da suposta ofensa racista. A acusação é de que o jogador do América-MG teria proferido a expressão “Preto do C***” direcionada a Allano.
Miguelito permanecerá detido até a realização da audiência de custódia. A pena máxima prevista para o crime de injúria racial é de 5 (cinco) anos de reclusão, conforme informado pela Polícia Civil. O inquérito policial para apurar o caso deverá ser concluído nos próximos dias.
Até o momento, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não se manifestou oficialmente sobre o ocorrido. O América-MG também não emitiu um posicionamento formal. No entanto, o presidente do Conselho de Administração do clube mineiro, Alencar da Silveira Júnior, divulgou uma nota de cunho pessoal sobre o assunto. O teor da nota não foi detalhado na informação inicial.
Entenda o Caso
A partida entre Operário-PR e América-MG foi marcada pela denúncia de injúria racial feita por Allano contra Miguelito. Segundo o relato, aos 30 minutos do primeiro tempo, após ser informado pelo atacante do Operário-PR, o árbitro Alisson Sidnei Furtado acionou o protocolo antirracista da Fifa e da CBF, realizando o gesto de braços cruzados em forma de “X” na altura do peito. A denúncia deverá constar na súmula da partida.
O jogo ficou paralisado por cerca de 15 minutos, com discussões entre os jogadores e a espera por uma possível análise de imagens. A partida foi retomada sem que houvesse aplicação de cartões. Durante a paralisação, houve um novo incidente envolvendo jogadores do América-MG e torcedores do Operário-PR localizados atrás do banco de reservas. O Operário-PR informou que um torcedor foi identificado por arremessar um copo em direção aos jogadores do time mineiro e foi retirado do local pela Polícia Militar.
Ainda de acordo com o relato dos fatos, a denúncia de Allano ocorreu após uma disputa de bola. Enquanto aguardavam a cobrança de uma falta lateral, Miguelito teria se virado em direção ao atacante do Operário-PR. Allano, acompanhado de Jacy, que estava próximo, confrontou o meia do América-MG, e em seguida, ambos se dirigiram ao árbitro para relatar o ocorrido.
Após a retomada da partida, Allano recebeu um cartão amarelo por uma entrada mais forte em Miguelito. O jogador do América-MG foi substituído durante o intervalo do jogo.
Veja a nota do Operário-PR sobre o ocorrido
Allano denunciou para a arbitragem falas racistas do camisa 7 do América-MG. O árbitro Alisson Sidnei Furtado acionou o protocolo de racismo, simbolizado por um X com os braços, e resolveu retornar a partida sem alterações.
Com a denúncia de racismo, a torcida do Operário mostrou indignação e, no momento, arremessou copo com líquido em direção ao banco de reservas visitante. O camisa 4 do América identificou e o torcedor foi retirado da arquibancada.
O Operário Ferroviário irá prestar todo apoio ao jogador Allano e lamenta a continuidade da partida sem modificações, uma vez que o protocolo foi acionado, e está buscando imagens claras que confirmem a alegação.
Veja a nota do presidente do Conselho do América-MG
O América FC ,fiel à sua história centenária e aos princípios que a sustentam, vem a público prestar esclarecimentos e manifestar total solidariedade ao atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, diante de acusações infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista.
Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória. Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito esportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade.
O América FC reafirma, de forma enfática, seu compromisso inegociável com a igualdade, o respeito à dignidade humana e o combate a toda e qualquer forma de preconceito. Repudiamos qualquer tentativa de imputar condutas incompatíveis com esses valores a nossos atletas e colaboradores — ainda mais quando desprovidas de qualquer respaldo nos fatos.
Seguiremos firmes na defesa dos princípios que norteiam nossa instituição e na preservação da honra de todos que constroem, com dedicação e respeito, um futebol mais justo, inclusivo e humano.
Alencar da Silveira Júnior
Do Ver-o-Fato, com informações do GE
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