Empresas chinesas tentam driblar tarifas dos EUA com falsificação de origem, diz especialista

Uma onda de vídeos publicitários nas redes sociais chinesas tem revelado como empresas estão tentando burlar as tarifas impostas pelos EUA a produtos vindos da China. Com promessas de soluções logísticas completas, intermediários oferecem serviços de reexportação por países do Sudeste Asiático, como Vietnã e Tailândia, rotulando falsamente a origem dos produtos. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).

Plataformas como Xiaohongshu e Douyin (a versão chinesa do TikTok) têm sido usadas para divulgar vídeos com ofertas de “serviços de reexportação e transporte com mudança de origem”. Esses anúncios apresentam rotas alternativas e promessas de entrega facilitada nos Estados Unidos, contornando as tarifas de até 145% impostas por Washington sobre importações chinesas.

“Fabricantes chineses cujo principal mercado é os EUA precisam encontrar uma forma de sobreviver”, afirmou o empresário taiwanês Lee Meng-chu. Ele destacou que há uma “grande demanda” por serviços de trânsito que permitam a entrada de produtos no mercado norte-americano sem as pesadas taxas.

Notas de yuan (Foto: Eric Prouzet/Unsplash)

Corretores de frete, também chamados de despachantes aduaneiros, têm desempenhado papel central nesse esquema. Eles cuidam de toda a documentação e certificações, e, segundo Lee, seus serviços estão ficando mais caros com o aumento da procura. “Alguns até trocam os contêineres ou recarregam os produtos para mascarar a origem”, contou.

Em um vídeo no Douyin, um usuário identificado como “Despachante Lao Wang” afirma ter criado um canal de transbordo reconhecido pelos EUA. Segundo ele, “80% dos produtos estão plenamente em conformidade por meio de rastreabilidade da origem”. Seu serviço anunciado inclui desde a declaração aduaneira até o desembaraço nos EUA.

Apesar das promessas, o uso da reexportação — prática de exportar mercadorias que foram importadas sem modificação — tem sido alvo de investigações. Isso porque países como Vietnã e Tailândia começaram a intensificar o controle de origem dos produtos.

“Toda a cadeia de suprimentos precisa ser claramente declarada, até mesmo a origem dos botões”, alerta um usuário do Douyin. Ele acrescenta que fraudes tarifárias podem resultar em penas de até 20 anos de prisão, multas de 300% sobre o valor do tributo sonegado e rastreamento dos lucros por dez anos.

De acordo com a legislação norte-americana, mercadorias só podem ser declaradas com uma nova origem nacional se forem substancialmente transformadas. Muitos fabricantes chineses cogitaram transferir sua produção para outros países, segundo o professor Sun Kuo-Hsiang, da Universidade do Sul da China. Mas foram obrigados a recorrer à “lavagem de origem” por conta de atrasos nas obras das fábricas ou falta de capacidade produtiva.

Ainda que autoridades americanas e europeias tenham aumentado a fiscalização sobre certificados de origem, Sun observa que “a capacidade de inspeção não consegue acompanhar o número de empresas promovendo abertamente os serviços de ‘lavagem de origem’ nas redes sociais”.

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