Primeira aranha geneticamente modificada do mundo produz seda fluorescente

Um estudo publicado esta semana na revista Angewandte Chemie revela a criação da primeira aranha geneticamente modificada usando a ferramenta CRISPR-Cas9. Essa tecnologia permite “editar” genes com alta precisão, como se fosse uma tesoura genética, cortando partes específicas do DNA e inserindo novas informações. Ela é usada para tratar doenças e entender melhor como funcionam os seres vivos.

Modificar uma aranha não foi tarefa fácil. De acordo com um comunicado emitido pelos autores da pesquisa, esses animais têm um DNA complicado e, além disso, costumam se devorar quando mantidos juntos. Por isso, cada aranha precisa ser criada separadamente em laboratório. Mesmo com esses desafios, os cientistas obtiveram sucesso trabalhando com a espécie Parasteatoda tepidariorum, um tipo comum de aranha doméstica.

Aranha doméstica comum (Parasteatoda tepidariorum). Crédito: Thijs de Graaf – Shutterstock

O foco do estudo foi a seda produzida por essas aranhas. Esse material é muito resistente – cinco vezes mais forte que um cabo de aço do mesmo peso – além de ser leve, elástico e biodegradável. Por isso, desperta tanto interesse da ciência, especialmente em áreas como engenharia e medicina.

Como foi obtida a primeira aranha editada por CRISPR do mundo 

Para fazer a modificação genética, os cientistas criaram uma solução especial com o sistema CRISPR-Cas9 e um gene que brilha em vermelho. Eles injetaram essa mistura nos óvulos de aranhas fêmeas antes da fertilização. Quando elas se reproduziram, os filhotes já nasceram com o novo gene incorporado.

Esse gene fluorescente serve como um marcador: se a seda das aranhas brilha sob luz especial, isso mostra que a modificação deu certo. E foi exatamente isso que aconteceu, confirmando o sucesso da experiência.

Representação gráfica da edição genética da aranha Parasteatoda tepidariorum. Crédito: Santiago-Rivera, E.; Scheibel, T. / Universidade de Bayreuth

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De acordo com o professor Thomas Scheibel, presidente de biomateriais da Universidade de Bayreuth, na Alemanha, e autor principal do estudo, essa é a primeira vez no mundo que a tecnologia foi usada para alterar a seda de aranha. Segundo ele, isso pode abrir caminho para criar novos materiais ainda mais fortes e com diferentes funções no futuro.

Enquanto muitos ainda têm medo de aranhas, a ciência está transformando esses bichos em aliados brilhantes – no sentido literal da palavra.

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