
Dando início a agenda oficial em Pequim nesta segunda-feira (12), em reuniões com chefes de empresas chinesas dos setores de energia renovável e defesa, o presidente Lula (PT) anunciou investimento de US$ 1 bilhão da Envision Group para produzir SAF (combustível limpo para aviões), feito da cana-de-açúcar no Brasil.
Também foi selada a criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em energia limpa, nascido de uma parceria entre a Windey Technology com o SENAI CIMATEC.
Presente na reunião, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, entende que apesar do Brasil ser um dos países que mais investiu em energia eólica e solar, existe uma dificuldade. “Carente de poder armazenar essa energia”, alerta.
O ministro de Minas Energia, Alexandre Silveira, ressaltou que a visita visa fortalecer as relações bilaterais com a China e comunicou que mais investimentos serão, provavelmente, confirmados durante a missão oficial.
Encontros com chefes
Na agenda de audiências desta segunda, Lula esteve com:
- Feng Xingya, presidente do grupo automotivo GAC;
- Chen Qi, presidente do conselho da Windey Energy Technology Group, focada em turbinas eólicas de grande porte;
- Cheng Fubo, CEO da estatal de defesa Norinco, que também atua em infraestrutura, a exemplo de rodovias e usinas;
- Lei Zhang, CEO da Envision Group, com foco em energia inteligente, eólica, armazenamento e SAF.
Os ministros Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Frederico de Siqueira Filho, das Comunicações, assim como o embaixador Marcos Galvão, Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, e Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, também participaram.
Os encontros geraram ainda a assinatura de um Memorando de Entendimento sobre Sistema de Gestão e Segurança Pública para Cidades Inteligentes entre a Telebras e a Norinco Brasil.

Relação de anos
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil. O comércio entre os dois países aumentou 17 vezes desde a primeira visita de Lula, em 2004, chegando a US$ 157,5 bilhões em 2023.
Desse montante, US$ 104,3 bilhões foram das exportações brasileiras e US$ 53,1 bilhões, importações. O saldo positivo para o Brasil atingiu US$ 51,14 bilhões.
No primeiro trimestre de 2025, a balança comercial entre as duas nações totalizou US$ 38,8 bilhões. O Brasil exportou petróleo bruto, soja e minério de ferro, enquanto importou embarcações, equipamentos de telecomunicações, máquinas elétricas e componentes eletrônicos.
Avanços no comércio agrícola
Em março, a China liberou 38 novos frigoríficos brasileiros para exportar carnes. Foi o maior número de autorizações de uma vez só, na história. Foram 24 plantas de carne bovina, oito de aves, uma de carne bovina processada e cinco entrepostos também.
Com isso, o total de plantas brasileiras aptas a exportar pra China, saltou de 106 pra 144. Em 2024, cerca de 36% de tudo o que o agro brasileiro exportou, teve a China como destino.
Investimentos e cooperação estratégica
A China está entre os maiores investidores gringos no Brasil também, com um destaque para os setores de energia, petróleo, transportes, telecomunicações e serviços financeiros.
Segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), o Brasil trabalhou em 39% dos investimentos chineses na América Latina de 2007 a 2023, somando US$ 73,3 bilhões em 264 projetos. Os investimentos industriais chineses no Brasil estão focados na indústria automotiva, eletrônica e de tecnologia.
Cooperação global
Além da relação bilateral, Brasil e China estão trabalhando juntos em fóruns globais como BRICS, G20, OMC, e BASIC (articulação entre Brasil, África do Sul, Índia e China na área do meio ambiente).
A visita de Lula também prevê um encontro com o presidente chinês Xi Jinping, na terça-feira (13), a fim de aprofundar a cooperação em temas multilaterais, buscando focar no desenvolvimento sustentável e na preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).
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