Após mais de 40 anos de confronto com o governo da Turquia, o PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos) anunciou oficialmente que está desmobilizando seus combatentes e encerrando sua luta armada. O comunicado foi divulgado pela agência de notícias ANF, ligada à organização, e reproduzida pela rede BBC. Representa o que pode ser o capítulo final de um conflito que deixou mais de 40 mil mortos desde seu início.
A decisão vem após um apelo feito em fevereiro por Abdullah Öcalan, fundador e líder do grupo, que está preso em regime de isolamento desde 1999. Aos 76 anos, Öcalan escreveu uma carta da prisão afirmando que “não há alternativa à democracia na busca e na realização de um sistema político. O consenso democrático é o caminho fundamental”.

Fundado nos anos 1970 com o objetivo inicial de criar um Estado curdo independente, o PKK passou a focar, nas últimas décadas, em autonomia regional e ampliação dos direitos dos curdos, que representam cerca de 20% da população da Turquia. Em sua nota, o grupo declarou que “completou sua missão histórica” e que “encerra o método de luta armada”.
A mudança ocorre em um contexto político delicado. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que planeja disputar a reeleição em 2028, pode depender do apoio de partidos políticos curdos para viabilizar sua candidatura. Ao mesmo tempo, o PKK tem sofrido duras ofensivas por parte do Exército turco e enfrentado dificuldades crescentes para operar em regiões como Síria e Iraque.
Um porta-voz do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), de Erdogan, afirmou que a decisão é um passo importante rumo a uma “Turquia livre de terrorismo” e que o processo será acompanhado por instituições estatais.
Ainda não está claro o que o governo turco oferecerá em troca do desmantelamento do grupo. Circulam especulações sobre a possibilidade de anistia ou liberdade condicional para Öcalan, o que poderia abrir caminho para um novo ciclo de diálogo político. O gesto também sinaliza esperanças de maior inclusão dos curdos na vida política turca, embora analistas apontem que isso dependerá de profundas reformas democráticas.
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