Zambelli diz que suspensão de ação no STF será pautada na Câmara

Na avaliação de Zambelli, a condenação aplicada pelo STF é injusta e, na verdade, trata-se de uma perseguição políticaLula Marques/ EBC – 02/08/2023

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) tenta se beneficiar da mesma medida aprovada pela Câmara dos Deputados no caso de Alexandre Ramagem (PL/RJ). A parlamentar afirmou que o pedido para suspender o processo em curso contra ela no Supremo Tribunal Federal (STF) foi encaminhado à Casa Baixa no final do mês passado e está em análise. 

“Eu já tive um sinal verde de que o pedido vai ser pautado. Vamos esperar o melhor momento para isso acontecer, porque eu ainda tenho um tempo para poder colocar ele em pauta”, disse a deputada, em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (15). 

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por ter mandado um hacker invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir documentos falsos. Na quarta-feira (14), a Primeira Turma do STF determinou, por unanimidade, o início da pena em regime fechado, a perda do mandato como deputada e o pagamento de multa no valor de R$ 2 milhões. 

Ainda cabe recurso. De acordo com a declaração da deputada, “o processo ainda não acabou” e ela não vai desistir. “Ainda há vários recursos que podem ser feitos”, assegurou Zambelli. “O meu advogado vai apresentar alguns instrumentos que são normais de apresentar num processo como esse”, acrescentou. 

Na semana passada, a defesa da deputada entrou com recurso no STF pedindo a suspensão da ação. O pedido se baseou em um requerimento do Partido Liberal (PL), protocolado na Câmara, para interromper o julgamento até deliberação da Casa Legislativa sobre a sustação do processo.  

O ministro Alexandre de Moraes rejeitou o pedido. O magistrado usou a mesma justificativa que apresentou na decisão do caso do deputado Ramagem, e reforçou que não se aplicam ao caso as regras constitucionais que permitem à Câmara sustar o andamento de ações penais contra parlamentares, pois os crimes imputados a Zambelli ocorreram antes da diplomação para o atual mandato.

Hacker Walter Delgatti

Na coletiva, Zambelli negou qualquer envolvimento com o hacker Walter Delgatti, acusado de ter invadido os sistemas do CNJ. A deputada assumiu que conhece o réu, mas que nunca o contratou para realizar qualquer serviço e que existem diversas discrepâncias no processo, principalmente no que diz respeito aos depoimentos prestados por ele. 

“Ele conta uma versão, volta atrás, conta outra versão. Em alguns momentos ele apresentou seis versões diferentes. Então, a própria Polícia Federal, quando esteve na casa dele, nomeia ele como mitomaníaco, ou seja, uma pessoa que mente, que inventa histórias”, defendeu Zambelli. 

A deputada negou ter feito pagamentos ao hacker e que ele teria invadido o sistema do CNJ por conta própria. “Nesse caso, sinceramente, no final das contas, eu não sei o que motivou ele, mas eu acho que na na maioria das vezes um hacker faz isso por vaidade. O porquê ele quis jogar isso em cima de mim até hoje a gente não sabe e muito provavelmente não saberemos”, completou.

Delgatti foi condenado a oito anos e três meses de prisão por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Para o hacker, também é possível apresentar recurso à decisão do STF.

Na avaliação de Zambelli, a condenação é injusta e, na verdade, trata-se de uma perseguição política. “Quando a gente tem 1 milhão de votos, coloca um foco na nossa cabeça. A discrepância da Justiça é tanta que faz a gente desacreditar da política”, lamentou.

“Ainda que a decisão seja injusta, eu vou seguir. Se acontecer de ter a prisão, eu vou me apresentar. Mas meus médicos são unânimes em dizer que eu não sobreviveria à cadeia”, concluiu.

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