O TikTok enviou, nesta quinta-feira (15), por e‑mail ao Itamaraty, uma carta ao governo brasileiro, na qual manifesta ter tomado conhecimento das observações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pela primeira‑dama “Janja” da Silva durante jantar com o presidente chinês Xi Jinping, segundo informações de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
No documento, a rede social declara estar disponível para discutir sua atuação no País e avaliar possíveis regulamentações.

O chanceler Mauro Vieira comunicou, imediatamente, o conteúdo da mensagem ao presidente Lula, após sua equipe no Brasil sinalizar as manifestações feitas pelo casal presidencial durante a reunião de Estado em Pequim (China).
A iniciativa do TikTok ocorre em meio à crescente pressão por parte do governo brasileiro para que plataformas digitais respondam por conteúdos nocivos.
O episódio do “climão” envolvendo o TikTok
- O imbróglio começou com o vazamento de trechos do diálogo entre Lula, Janja e Xi Jinping;
- Reportagens do g1 relataram que Janja teria gerado “climão” ao questionar o líder chinês sobre práticas da rede social no Brasil — cenário que teria agravado o desconforto do presidente;
- Lula classificou o vazamento como “inadmissível e desleal” e chegou a manifestar descontentamento aos seus ministros pelo que considerou um ataque à honra da primeira‑dama;
- Em entrevista concedida antes de embarcar de volta à Brasília (DF), o presidente minimizou o suposto constrangimento e afirmou ter sido ele próprio o responsável por levantar a pauta;
- “Perguntei ao companheiro Xi Jinping se ele poderia enviar ao Brasil alguém de sua confiança para que discutíssemos a questão digital, sobretudo o TikTok”, relatou;
- Em seguida, Janja teria solicitado a palavra para expor “o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e contra as crianças”.
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No encontro, Janja ressaltou o caso de Sarah Raíssa Pereira, menina de oito anos que morreu no Distrito Federal após participar do “desafio do desodorante” no TikTok — prática que consistia em inalar o gás expelido por aerossol e provocou parada cardiorrespiratória. O episódio foi citado como exemplo de risco às crianças em plataformas sem moderação eficaz.
Conforme Lula, Xi Jinping teria concordado com a necessidade de o Brasil estabelecer normas claras: “O Brasil tem o direito de regulamentar.”
O presidente destacou ainda a presença dos parlamentares Elmar Nascimento (DEM/BA) e Davi Alcolumbre (União/DF) no jantar, reforçando o caráter suprapartidário da demanda. “Não podemos continuar vendo as redes digitais cometerem absurdos sem capacidade de regulamentação”, concluiu Lula.

Com o contato oficial do TikTok registrado no Itamaraty, o governo avalia, agora, instalar um canal permanente de diálogo com a empresa. Na pauta, estarão medidas de segurança para proteger usuários vulneráveis, transparência nos algoritmos de recomendação e mecanismos de denúncia mais eficazes.
A iniciativa reforça o compromisso do Brasil em garantir que plataformas de alcance global também respeitem normas nacionais de proteção a crianças, adolescentes e demais grupos de risco.
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