Mesmo com suspensão das tarifas à China, indústria de brinquedos vê o Natal nos EUA ameaçado

Fabricantes de brinquedos nos EUA alertam que o Natal deste ano já está ameaçado por atrasos na produção e encarecimento de produtos, reflexo direto das tarifas impostas sobre mercadorias chinesas. Mesmo com a suspensão temporária dos impostos anunciada nesta segunda-feira (13) pelo presidente Donald Trump, empresas do setor afirmam que os impactos já começaram a ser sentidos. E que talvez não haja tempo para revertê-los completamente, segundo o jornal The New York Times.

“Muitas encomendas para a temporada de festas já foram pausadas”, afirmou Greg Ahearn, presidente da Toy Association, que representa 850 empresas. Ele alertou que, se a produção não for retomada rapidamente, “há uma grande probabilidade de escassez de brinquedos nas festas de fim de ano”.

A China responde por quase 80% dos brinquedos vendidos no mercado americano, o que torna o setor especialmente vulnerável a alterações tarifárias.

Árvore de Natal sendo decorada: presentes mais caros (Foto: Arun Kuchibhotla/Unsplash)

Trump já havia anunciado que os aumentos tarifários sobre dezenas de parceiros comerciais estariam suspensos por 90 dias, com exceção da China, que só entrou no acordo após uma rodada intensa de negociações no fim de semana, em território neutro, na Suíça. Na prática, a tarifa aplicada aos produtos chineses caiu de 145% para 30%. Em contrapartida, Beijing reduziu seus impostos sobre mercadorias americanas de 125% para 10%.

Apesar da suspensão das tarifas, o governo americano manteve os impostos para produtos chineses de baixo custo, que antes entravam no país sem taxação. Com isso, brinquedos mais baratos — que compõem grande parte das vendas ao consumidor — seguem sujeitos a cobrança e podem continuar encarecendo nos próximos meses, caso não haja um novo acordo.

A justificativa de Trump para as tarifas tem sido o combate aos déficits comerciais e o incentivo à produção doméstica. Mas economistas alertam que as medidas também encarecem a cadeia de produção americana, especialmente em setores que dependem fortemente de insumos estrangeiros, como brinquedos, eletrônicos e vestuário.

Nos bastidores, a escalada tarifária abalou o que por décadas foi visto como um caminho de integração entre as economias de EUA e China. Após quase meio século de crescente interdependência, especialistas agora veem sinais de ruptura no que já foi chamado de “Chimerica”, uma aliança comercial que moldou o cenário global desde o fim da era Mao Tsé-Tung.

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