Numa audiência em palácio no governo do Pará, uma senhora, de relativa idade, queixou-se ao interventor Magalhães Barata, que seu marido, residente em Salinas, estava maltratando a família, enquanto gastava o salário com uma amante que arranjara nas proximidades do lugar onde residia.
Barata ordenou ao capitão Boanerges Couto que mandasse buscar o marido e colocasse, durante trinta dias, em cela especial no Presídio “São José”. “A senhora fica satisfeita?”, perguntou o general. Ao que a mulher respondeu satisfatoriamente.
Três meses depois, lá estava a mesma senhora na fila de audiências.
— “A senhora de novo por aqui?”
— “Sim, seu major, o homem até que melhorou um pouco, mas voltou a ser sem-vergonha outra vez.”
E Barata, outra vez, ordena ao capitão Boanerges:
— “Mande prender o marido dessa senhora por sessenta dias. E só solte quando ele se comprometer a abandonar a amante e ajudar a família.”
A ordem pela segunda vez foi cumprida. Seis meses depois, Barata, que era excelente fisionomista, reconhece a mulher e pergunta:
— “Outra vez aqui?”
Chorando, a mulher desabafou:
— “O homem não tem jeito. O senhor prende, ele melhora. Mas logo volta à amante.”
Barata pediu ao capitão Boanerges Couto para trazer-lhe o revólver com três balas. E ordenou, virando-se para a mulher:
— “Tome. Dispare essas balas no seu marido.”
Atônita, a mulher respondeu:
— “Mas se eu matar o Raimundo vou pra cadeia?”
Barata:
— “É isso mesmo que eu quero: ele morto, a senhora se livra dele, e quando for para a cadeia eu me livro da senhora.”
Risos gerais.
Fonte: Livro “Barata, Passarinho e Outros Bichos”, do jornalista Odacyl Cattete
The post O general Barata, a esposa, o marido, a amante e o revólver appeared first on Ver-o-Fato.