O vereador de Belém que, na TV, dizia “dormir em cama de pau duro”

Homem sincero, líder político no bairro do Jurunas, Gonçalo Duarte dizia o que pensava com total franqueza

No calor da campanha política de 1966, o candidato a vereador Gonçalo Duarte protagonizou uma cena que entrou para o folclore político do Pará, marcada por uma mistura de sinceridade e desespero que arrancou risadas e deixou os eleitores perplexos. A história, registrada por Odacyl Catete no livro Barata, Passarinho e Outros Bichos, mostra como o político, em sua luta por votos, acabou se enrolando em uma situação hilária.

Gonçalo, que concorria a uma vaga na Câmara de Vereadores, fez um discurso inflamado no rádio e televisão, em um horário gratuito do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), às 2 horas da tarde. Ele começou sua fala com um tom sério, tentando sensibilizar os eleitores sobre a situação precária que enfrentava: “Reclamava que dinheiro de político não rendia”, apontando as dificuldades financeiras de sua campanha.

Ele confessava que tudo o que ganhava empregava com aterro no bairro do Jurunas — uma região muito popular de Belém — e que era suficiente apenas para sustentar a si e à sua família, pois vivia em uma modesta barraca de palha, “e era verdade mesmo”, como ele fazia questão de enfatizar.

Sem rodeios, Gonçalo foi direto ao ponto, concluindo seu discurso com um apelo que misturava honestidade e uma pitada de exagero dramático. Olhando fixamente para a câmera, ele declarou, com um tom quase suplicante: “Até hoje, continuo dormindo numa cama de pau duro!”

A frase, dita com a mais absoluta sinceridade, pretendia comover os eleitores, mas acabou gerando uma onda de risos entre os que assistiam. A expressão, que no contexto paraense poderia ser interpretada de forma literal — referindo-se a uma cama simples e desconfortável —, também carregava um duplo sentido que não passou despercebido pelo público, tornando o momento um clássico do humor político.

A fala de Gonçalo Duarte, com sua ingenuidade e franqueza, é um exemplo perfeito do rico folclore político do Pará, onde a simplicidade de alguns candidatos se mistura a gafes memoráveis, eternizando histórias que, décadas depois, ainda arrancam sorrisos e suspiros de nostalgia.

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