Estudante de Medicina da UFRR se pronuncia após denúncia de racismo e LGBTfobia: ‘apoio os valores de respeito’

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O estudante de Medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Felipe dos Santos Nogueira, divulgou uma nota de esclarecimento após ser denunciado por racismo e LGBTfobia.

As publicações feitas por ele no X, antigo Twitter, repercutiram nas redes sociais por apresentarem discursos de ódio, com teor racista, homofóbico e de intolerância religiosa.

Aluno de medicina se refere a mulheres negras como “sempre feias” – Foto: Reprodução/Redes sociais.

Estudante de Medicina da UFRR se pronuncia após denúncias

Em sua defesa, o estudante afirmou ser autista como forma de justificar suas atitudes. Além disso, ele destacou que está “refletindo com seriedade sobre o ocorrido” e preparando uma retratação formal à coordenação da universidade.

“Essa raiva, reconheço hoje, tem raízes mais profundas, ligadas a conflitos internos mal elaborados, inclusive com minha vivência religiosa e com questões pessoais relacionadas à minha própria sexualidade, que por muito tempo reprimi ou não compreendi com clareza. Nada disso justifica o que foi dito, mas me ajuda a entender por que permiti que uma persona distorcida assumisse o lugar da empatia e do bom senso”, afirmou.

De acordo com informações, a universidade afastou temporariamente o acadêmico do curso, mas ele permanece matriculado, o que permite seu retorno à universidade a qualquer momento.

Posts do acadêmico viralizou nas redes – Foto: Reprodução/Redes sociais.

Nota de Fábio Felipe dos Santos Nogueira

Estou ciente da repercussão causada por declarações que fiz nas redes sociais e reconheço que foram inadequadas. No momento, estou refletindo com seriedade sobre o ocorrido e preparando minha retratação formal à coordenação da universidade.

Quero deixar claro que apoio os valores de respeito, inclusão e responsabilidade — justamente os princípios que falhei em demonstrar na forma como me expressei online. Muitas das minhas publicações foram feitas por meio de uma persona exagerada, como forma impulsiva e equivocada de extravasar raiva e frustração.

Essa raiva, reconheço hoje, tem raízes mais profundas, ligadas a conflitos internos mal elaborados, inclusive com minha vivência religiosa e com questões pessoais relacionadas à minha própria sexualidade, que por muito tempo reprimi ou não compreendi com clareza. Nada disso justifica o que foi dito, mas me ajuda a entender por que permiti que uma persona distorcida assumisse o lugar da empatia e do bom senso.

Ressalto que nunca ataquei ou feri a honra de ninguém do meu convívio ao longo destes anos, e sempre mantive uma postura respeitosa com colegas, professores e demais membros da comunidade acadêmica.

Tenho diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e estou em tratamento psiquiátrico contínuo, o que tem sido essencial para lidar melhor com minhas emoções, impulsos e formas de expressão. Não trago isso como justificativa, mas como parte do esforço que venho fazendo para crescer, amadurecer e agir com mais responsabilidade daqui em diante.

Acusaram-me de utilizar o meu Transtorno Espectro Autista (TEA) para me vitimizar e me eximir de responsabilidades. Algo que nunca ocorreu. Tal argumento culminaria em admissão de culpa diante das acusações de caráter. O que eu reiteradamente nego de pronto.

Tenho ciência da repercussão das declarações contidas unicamente em meu twitter pessoal e privado, que possuía a função de atuar como válvula de escape onde eu distorcia o que eu pensava violentamente.

A princípio deixo claro que essas declarações não refletem o modo como atuo e trato as pessoas ao meu redor, independente de raça, cor ou sexualidade. Meu histórico no trabalho de atendimento ao público comprova isso, não somente, mas em todo grupo social que já participei não faltei com respeito com servidores, alunos ou membros em geral da comunidade.

O que direi a seguir não se trata de justificar o injustificável, mas de demonstrar que nem tudo foi interpretado da maneira correta, pois o significado real não era o óbvio.

A título de exemplo, quando utilizei o termo “macaco”, onde na utilização comum costuma ser associado a cunho racista, eu por outro lado, utilizo para descrever “comportamento de primata”, prova disso é que em se tratando dos negros nunca os associei com esse termo de modo vinculante, em outras situações que convenientemente não expuseram eu utilizo o mesmo termo para criticar pessoas brancas que estariam causando “involução civilizacional”.

O que soa como uma justificativa esdrúxula e falsa é reforçada pelo próprio contexto do que declarei sobre o Brasil em outro tweet exposto, pois foi-se o tempo que em nosso país a brasilidade era associada a virtudes, capacidades de superação e honra diante de dificuldades, o que eu enxergo é a brasilidade associada a objetificação sexual publica, defesa de vícios e tendências a trapaça como meio de ganhar vantagem injusta. Uma orientação pelas sensações que culmina em erosão civilizacional é um fenômeno que metaforicamente eu constantemente atribuo a macacos por uma questão de irracionalidade e falta de evolução.

Neste caso, o que atribuíram como racismo, era na verdade uma crítica informal.

Admito porém, que falta de clareza em declarações gere interpretações negativas e nem culpo quem não tenha compreendido. Os escassos caracteres do Twitter impedem uma melhor desenvoltura e meus posts não eram debates. Portanto o que mal escrito foi, mal lido é.

Admito também que ressentimento e frustração levaram a comunicação violenta associada com questões não resolvidas, o que prontamente trato com o psiquiatra e acima de tudo afirmo com consciência limpa que nunca destratei os pacientes e pessoas vulneráveis tal como não destratei autoridades e nem mesmo os iguais no ambiente de vivência.

Agradeço a compreensão.

Universidade se manifesta

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) informou que já havia tomado conhecimento da denúncia por meio de seus canais oficiais de comunicação com a comunidade acadêmica e a sociedade, como a Ouvidoria.

Diante do fato, a instituição adotou as providências cabíveis e constituiu, conforme previsto no Estatuto e Regimento da Universidade, uma comissão de apuração com a devida representação discente.

Como resultado, a primeira medida deliberada por essa comissão foi o afastamento do aluno envolvido das atividades acadêmicas, com o objetivo de garantir a isenção e a lisura na apuração dos fatos.

A UFRR destacou que o processo seguiu em trâmite no âmbito da unidade acadêmica vinculada ao discente, assegurando também ao estudante o pleno direito à ampla defesa e ao contraditório, conforme preceitos legais e normativos vigentes.

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