
A gestante Ana Cleide Cruz, de 39 anos, e o bebê que ela esperava morreram na madrugada de terça-feira (20), após permanecerem internados por cinco dias no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre.
A família da vítima acusa a unidade hospitalar de negligência médica, alegando que os profissionais demoraram para realizar o parto, mesmo diante de fortes dores e sinais de agravamento do quadro de saúde.
A sobrinha da paciente, Andressa Cruz Vieira, que acompanhou todo o processo desde a internação iniciada em 14 de maio, relatou que Ana Cleide foi encaminhada ao hospital após procurar atendimento na cidade vizinha de Mâncio Lima, onde morava.
No entanto, segundo Andressa, os médicos alegaram que a gestante apresentava uma infecção e decidiram adiar o parto para o sábado (17), mesmo com o agravamento dos sintomas.
Ela explicou que a tia se queixava de dores intensas, mas os relatos não foram levados a sério pela equipe médica.
Ainda segundo Andressa, no sábado os profissionais informaram que o parto não poderia ser realizado devido à gravidade da infecção — cuja natureza só foi revelada mais tarde, quando a paciente já apresentava sinais de infecção generalizada.
A família afirmou que, na madrugada do falecimento, Ana Cleide estava com as extremidades do corpo roxas e demorou a ser socorrida.
“Na hora que ela estava morrendo, eles estavam fazendo perguntas, as pessoas da minha família que tinham epilepsia, se ela bebia, se fumava, e eu falando com eles que ela estava com a mão roxa, com o pé roxo, estava mordendo os lábios, com muita dor de cabeça. E eu, para mim, naquela hora o médico pensou que ela estava mentindo, que estava se fingindo para tirar a menina, porque eu já tinha passado a noite todinha. Eu acho que ele achava que ela estava mentindo”, contou Andressa.
De acordo com Andressa, o médico de plantão informou que o parto precisava ser feito com urgência para evitar a morte da mãe e do bebê. A cirurgia estava prevista para o meio-dia, mas Ana Cleide faleceu antes do procedimento.
Nota do hospital e investigação
Em nota oficial, a direção do Hospital da Mulher e da Criança do Juruá lamentou a morte e declarou que seguiu todas as diretrizes recomendadas pelo Ministério da Saúde.
Segundo o texto, assinado pela diretora Iglê Monte, a paciente deu entrada com ruptura prematura da bolsa e um quadro grave de infecção, durante uma gestação de 30 semanas, considerada de prematuridade extrema.
Apesar da posição da direção, o Ministério Público do Acre (MP-AC) anunciou a abertura de uma investigação preliminar para apurar as circunstâncias do falecimento.
A Promotoria de Justiça Cível de Cruzeiro do Sul conduzirá o procedimento para verificar se houve falhas na assistência prestada à gestante.
O órgão afirmou que, com base nos dados coletados, poderá decidir por novas medidas, caso fique comprovada alguma omissão por parte da unidade de saúde.
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