As florestas tropicais perderam em 2024 uma área equivalente à de 18 campos de futebol por minuto, segundo dados de satélite analisados pelo laboratório GLAD da Universidade de Maryland, nos EUA. A destruição atingiu 67 mil quilômetros quadrados de florestas primárias, recorde global, e teve como principal causa os incêndios florestais, que ultrapassaram pela primeira vez o desmatamento agrícola como maior fator de devastação. As informações são da rede BBC.
A Amazônia foi a mais afetada, em meio à pior seca de sua história, agravada pelo El Niño e pelas mudanças climáticas. As queimadas, muitas iniciadas deliberadamente para limpeza de terras, se alastraram com força inédita. Só Brasil e Bolívia concentraram grande parte da destruição. No total, a perda de florestas primárias em 2024 liberou 3,1 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa, volume similar às emissões anuais da União Europeia (UE).

Para o professor Matthew Hansen, codiretor do GLAD, os resultados são alarmantes. “A ideia de ponto de inflexão está, eu acho, cada vez mais correta”, disse. Ele alertou para o risco de “savanização” da Amazônia, com a transformação permanente da floresta em uma paisagem de savana. “Ainda é uma teoria, mas acho que isso é cada vez mais plausível olhando os dados.”
Apesar do cenário crítico na América do Sul, houve sinais de avanço no Sudeste Asiático. A Indonésia, por exemplo, reduziu a perda de floresta primária em 11% em comparação a 2023, mesmo com a seca. O resultado foi atribuído à atuação conjunta entre governos e comunidades na aplicação de leis contra queimadas. “É um ponto positivo nos dados de 2024”, afirmou Elizabeth Goldman, codiretora do projeto Global Forest Watch do World Resources Institute (WRI).
Especialistas ressaltam que a continuidade das políticas é essencial. O Brasil, que já teve avanços no passado com medidas de controle ambiental, voltou a registrar altas nas taxas de desmatamento a partir de 2014 com mudanças nas políticas públicas.
O relatório destaca ainda a importância da COP30, a conferência do clima da ONU marcada para ocorrer em Belém (PA). Uma das propostas em discussão é a criação de mecanismos de compensação financeira para países que preservem suas florestas tropicais.
“Acho que é um exemplo de inovação que enfrenta um dos problemas fundamentais, o de que no momento há mais dinheiro proveniente da derrubada das árvores que da manutenção delas”, disse Rod Taylor, do WRI.
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