
Jornalista Yuri Alves Fernandes, formado na UFJF e idealizador da série “LGBT+60: Corpos que Resistem” foi um dos oito vencedores do News Creator Award for Excellence in Independent Video Journalism. Objetivo agora é captar investimentos para lançar nova temporada. Yuri Alves Fernandes foi um dos destaques durante o Festival Internacional de Jornalismo, na Itália
Arquivo Pessoal
Yuri Alves Fernandes, de 31 anos, foi o único sul-americano entre os oito vencedores do News Creator Award for Excellence in Independent Video Journalism – Prêmio de Criador de Notícias pela Excelência no Jornalismo em Vídeo Independente, em tradução literal – entregue durante o Festival Internacional de Jornalismo pela International Center for Journalists (ICFJ), em Perugia, na Itália.
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O reconhecimento veio pela série “LGBT+60: Corpos que Resistem”, que retrata as lutas diárias enfrentadas por diferentes brasileiros LGBT+ na terceira idade, em desafios como violência familiar, adoção e preconceitos no ambiente pessoal e profissional.
Criada por Yuri, a série já ultrapassou os 10 milhões de visualizações nas plataformas digitais. O trabalho também já foi exibido em espaços culturais como o Museu da Diversidade, em São Paulo, e o Museu da República, no Rio de Janeiro.
Voz à comunidade negligenciada
Segundo Yuri, a ideia para a série surgiu no final de 2017, com lançamento da primeira temporada no ano seguinte. O objetivo, segundo ele, era apresentar histórias inspiradoras protagonizadas por idosos LGBT+, dando voz e visibilidade a pessoas muitas vezes negligenciadas.
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Outras duas temporadas foram produzidas, sendo a terceira disponibilizada na Globoplay, apresentando episódios com entrevistados de diferentes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Juiz de Fora e Porto Alegre.
Com a premiação, ele planeja quarta temporada e busca novos investimentos para ampliar as gravações em outras regiões. “Quero explorar ainda mais o Brasil, conhecer mais histórias de idosos LGBT+”.
De Ipatinga para o mundo
Nascido em Ipatinga, na região do Vale do Rio Doce, Yuri se apaixonou pela televisão ainda na infância. “Criava meus próprios programas de TV em casa”, lembra. Aos 18 anos, se mudou para Juiz de Fora, onde cursou jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Ali, começou a se aprofundar nas pautas de diversidade e a ganhar experiência prática no audiovisual. “Eu tinha aula de roteiro de televisão, rádio, diversos elementos da comunicação, era um currículo muito amplo. E foi na própria faculdade que comecei a me interessar pela pauta de diversidade também”.
Yuri contou que se apaixonou pelo audiovisual ainda na infância
Arquivo Pessoal
Durante a trajetória acadêmica, sempre pautou a diversidade nas produções jornalísticas que criava.
“Na faculdade, como homem gay, vivia uma fase de não me expor abertamente. Usava o trabalho como uma forma de expressar o que eu não podia dizer diretamente”.
Com passagens por redações de TV e internet, passou a refletir sobre a falta de representações de idosos LGBT+, o que lhe motivou a apostar nesse nicho. “Era um tema que eu não via sendo tratado, e percebi que havia uma carência de conteúdo.”
Trajetórias que se misturam
Para ele, a audiência nas plataformas e o prêmio refletem o reconhecimento nacional e internacional e o impacto que a produção vem gerando. “Fico orgulhoso de ter criado um projeto de conteúdo inovador, com mais de 10 milhões de visualizações. É um conteúdo relevante para a sociedade, uma forma de mostrar que a comunidade LGBT+ merece e tem o direito de se enxergar no futuro”, explicou.
“O propósito é sobre sensibilizar, mas também sobre dar esperança para que a nossa comunidade consiga acreditar e viver na longevidade”.
O jornalista Yuri foi premiado com a série “LGBT+60: Corpos que Resistem”
Arquivo Pessoal
Sobre estar na Itália recebendo a premiação, ele disse ter ficado orgulhoso com sua própria trajetória, relembrando também suas batalhas pessoais.
“Eu me preparei muito para estar ali, ao lado de jornalistas do mundo todo. No meu discurso, falei sobre meus pais, que não tiveram acesso ao ensino superior, mas me deram tudo o que puderam, e também sobre o Yuri adolescente, que lutou com a própria sexualidade. Hoje, conto histórias que sensibilizam outras pessoas”.
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