BELÉM – Bilhões da COP30, eleição de prefeito, ricos e pobres

Saiba quem são os candidatos das máquinas oficiais, os franco atiradores e os que buscam ter chance de sentar na cadeira de prefeito

A disputa pela prefeitura de Belém em 2024 promete ser uma das mais acirradas e imprevisíveis das últimas décadas no Pará. Com uma atmosfera carregada de tensão política, alianças estratégicas e traições, a corrida eleitoral apresenta um cenário complexo e dinâmico.

O atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), busca a reeleição em meio a um cenário desafiador. Apesar de seu histórico político e de sua base de apoio, parte dela de extrema esquerda, Rodrigues enfrenta um alto índice de rejeição popular, conforme revelam as pesquisas recentes. A insatisfação da população com sua gestão tem sido um ponto crítico, colocando sua candidatura em uma posição delicada.

De acordo com as projeções, Edmilson Rodrigues aparece atrás de Eder Mauro, deputado federal do PL. Mauro, conhecido por ser de extrema direita, de perfil conservador e ligação com a segurança pública, tem o apoio explícito do ex-presidente Jair Bolsonaro, fator que pode embaralhar uma eleição polarizada. O apoio de Bolsonaro a Eder Mauro mobiliza um segmento significativo do eleitorado que se identifica com as pautas bolsonaristas, fortalecendo a candidatura do deputado-delegado.

Adicionando um elemento extra à disputa, o governador Helder Barbalho (MDB) lançou a pré-candidatura de seu primo, o deputado estadual Igor Normando. O detalhe foi a ruptura entre Barbalho e Rodrigues, que outrora foram aliados políticos, marcando uma nova fase na política local. O presidente Lula, segundo uma fonte, estaria ao lado de Helder e de seu irmão, Jader Filho, distanciando-se de Edmilson.

No Planalto, a alegação é de que o presidente não vai apoiar ninguém em Belém no primeiro turno, o que alguns duvidam. De namoro com os Barbalho, o presidente corre risco calculado. Se ganhar, dá novo ânimo à esquerda no Pará. Se perder, afundará sua popularidade na capital, arrastando consigo históricos aliados. O PT, por exemplo, está rachado, com pé no governo estadual e mão na PMB, arriscando-se à guilhotina.

Embora Igor Normando esteja abaixo nas pesquisas iniciais, ele é favorecido pela poderosa estrutura do MDB, pela ligação com a família Barbalho, além de ter a seu favor uso da máquina do governo estadual, desequilibrando a disputa. A candidatura de Normando é sustentada por uma aliança de mais de dez partidos, o que lhe confere uma base robusta e significativa de apoio.

A influência dos Barbalho, com sua extensa rede de contatos e recursos, contrasta com o apoio popular e ideológico que Edmilson Rodrigues ainda retém. Ao mesmo tempo, a força bolsonarista representada por Eder Mauro adiciona uma camada de complexidade e tensão à disputa.

Por outro lado, correndo por fora, o deputado estadual Thiago Araújo, do Republicanos, que nesta semana lançou sua pré-candidatura, tenta construir seu espaço, distanciando-se de Normando e Rodrigues, mas com potencial para surpreender. Ele salienta não estar vinculado às máquinas estadual e municipal e enfatiza “não ter dono”.

Há ainda o pré-candidato Eguchi, que já disputou a última eleição e fez ferida. Ele é ligado ao bolsonarismo, mas parece ter sido jogado para escanteio pela direita. Ainda assim, aposta no desempenho eleitoral de 2020 para mostrar ao eleitorado que está querendo emplacar seu nome na prefeitura, desta vez.

O resultado desta eleição terá profundas implicações não apenas para Belém, mas também para o panorama político do Pará. A cidade está diante de um momento crucial, onde o futuro de sua administração pode redefinir os rumos das políticas públicas e da gestão municipal.

“Tarados” por Doca

O ex-governador e ex-prefeito, Hélio Gueiros, o “Papudinho”, costumava se dizer um “tarado por Doca”, referindo-se à avenida Visconde de Sousa Franco, onde moram boa parte dos ricos e endinheirados da cidade. Já falecido, Gueiros priorizou a Doca e deu cara nova à avenida.

Helder Barbalho, com os bilhões da COP que começam a ser despejados e certamente vão turbinar tanto a campanha do candidato dele quanto a do atual prefeito, pretende apresentar-se como o “pai da criança” nas obras que estão saindo do papel e certamente ganharão fôlego nos próximo 100 dias. E tentará colocar sua imagem, mais ainda, à de Normando, um cristão novo em eleição majoritária.

Críticas da população a Helder já ganham as ruas. A principal queixa é de que o dinheiro público, que não é da família Barbalho, vai despejar R$ 310 milhões para enfeitar a Doca para a “burguesia”, deixando os moradores das baixadas e bairros mais distantes sem saneamento, boiando nas enchentes, mas com “borras” de asfalto por ruas e vielas onde despontam esgoto a céu aberto, lixo e outras mazelas urbanas.

Consciente da visibilidade e da importância da COP 30, Barbalho, um populista nato e que ancora suas “realizações” no assistencialismo bancado pelos próprios contribuintes, visa não apenas ao sucesso do evento, massageando o imenso ego, mas também o fortalecimento de sua posição política e a de seu candidato, até aqui um poste de luxo.

É diante desse cenário desafiador que os mais de um milhão de eleitores da cidade decidirão não somente quem será o próximo prefeito, mas se os próprios eleitores evoluíram na compreensão ao identificar quem de fato quer o melhor para Belém ou apenas dela fazer uso em proveito do poder e do prestígio pessoal.

A sorte, ou o azar, estão lançados.

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