Colapso da principal corrente do Atlântico pode ser adiado

Estudos recentes chamaram atenção para o enfraquecimento da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC, na sigla em inglês). A consequência seria um possível colapso precoce da principal corrente do Atlântico, que teria consequências devastadoras para o clima do planeta.

Um novo trabalho, publicado nesta semana na revista Nature, concluiu que é improvável que a corrente colapse ainda neste século. No entanto, reforça algo que já era conhecido: o fluxo está se tornando instável e enfraquecendo.

A Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) e responsável por levar agua quente dos trópicos para áreas frias do Atlântico Norte (Crédito: NOAA)
AMOC é a responsável por levar agua quente dos trópicos para áreas frias do Atlântico Norte (Crédito: NOAA)

Estudo contrariou data de colapso da corrente do Atlântico

O estudo usou 34 modelos climáticos de última geração para avaliar a AMOC. De acordo com o jornal The Guardian, os pesquisadores usaram condições extremas para simular o futuro da corrente, como a quadruplicação dos níveis de dióxido de carbono e uma enorme quantidade de água derretida vinda do Atlântico Norte.

Eles confirmaram que a corrente do Atlântico vai desacelerar entre 20% e 80% neste século (um processo que já começou), mas não entrou em colapso em nenhuma das simulações. Ou seja, isso acontecerá após 2100.

Dr. Jonathan Baker, do Met Office do Reino Unido, confirmou a alta probabilidade de enfraquecimento da AMOC nos próximos anos, mas que uma queda abrupta é improvável. Para ele, isso pode ajudar os governos a planejarem melhor os impactos climáticos futuros.

Porém, Baker lembrou: “improvável não significa impossível. Ainda há uma chance de que a AMOC entre em colapso [neste século]”.

Principal corrente do Atlântico pode entrar em colapso em breve
O enfraquecimento da corrente oceânica pode ter efeitos destrutivos (Imagem: Gabriel Sérvio/Criada por DALL-E/Olhar Digital)

Enfraquecimento da corrente pode ter impactos desastrosos

A Circulação Meridional do Atlântico é a corrente oceânica responsável por levar água quente das regiões tropicais do Atlântico para o norte. Funciona assim:

  • As águas da região tropical são quentes e salgadas. Quando chegam na região norte, resfriam e formam o gelo marinho;
  • Depois disso, a água restante, agora fria, retorna para a região sul do oceano em correntes profundas, completando a circulação;
  • Sem a circulação de água quente da AMOC, regiões da América do Norte e Europa seriam muito mais frias. É a corrente que garante um clima mais ameno.

Os cientistas lembraram que, mesmo que a corrente do Atlântico não entre em colapso neste século, o mero enfraquecimento (causado pelas mudanças climáticas) já pode ter impactos desastrosos.

O Professor Niklas Boers, do Instituto de Pesquisa de Impacto Climático de Potsdam, da Alemanha, lembrou que uma das consequências pode ser na ocorrência de chuvas tropicais, um fator essencial para as plantações que alimentam bilhões de pessoas na América do Sul, África Ocidental e Índia. Além disso, pode levar a água quente para o polo Norte, o que acelera o derretimento de geleiras e aumenta o nível do mar; aumenta as tempestades e faria as temperaturas na Europa despencarem.

Representação artística da Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico (Crédito: NASA)

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Corrente do Atlântico tem salvação?

O trabalho deste mês encontrou algo surpreendente: um efeito chamado downwelling, quando as águas superficiais ficam mais pesadas e afundam, está acontecendo nos oceanos Pacífico e Índico. Em teoria, isso pode ajudar na circulação oceânica global. Já na prática, o efeito não é forte o suficiente para compensar a desaceleração da AMOC.

Os pesquisadores reforçam os efeitos destrutivos e lembram que a corrente está próxima de um ponto de não retorno. O principal fator é a mudança climática.

Baker chama atenção para a importância do Oceano Atlântico e Pacífico, e pede melhores modelagens para entender como formular políticas para impedir o colapso. Ainda assim, a solução é simples: “ainda precisamos cortar as emissões de gases de efeito estufa urgentemente”.

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