Nova forma de magnetismo pode revolucionar a busca pela supercondutividade

Pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, fizeram uma descoberta inovadora: a confirmação de uma terceira forma de magnetismo, denominada altermagnetismo. Publicada na revista Nature, essa novidade pode transformar a criação de dispositivos de memória magnética e impulsionar avanços na busca pela supercondutividade.

Supercondutores são materiais que conduzem eletricidade sem perda de energia. Crédito: SeniMelihat/Shutterstock

O que é magnetismo?

Até então, conhecíamos dois tipos de magnetismo:

  • Ferromagnetismo, em que os momentos magnéticos (como pequenas bússolas nos átomos) apontam na mesma direção, permitindo fácil leitura e escrita de informações. Mas há um problema: dados armazenados podem ser facilmente apagados com um ímã.
  • Antiferromagnetismo, em que momentos magnéticos vizinhos apontam em direções opostas, como as cores alternadas de um tabuleiro de xadrez. Esses materiais são mais estáveis e rápidos no transporte de informações, mas difíceis de manipular.

Com o altermagnetismo, tem-se o melhor dos dois mundos. Nesse novo tipo, os momentos magnéticos também apontam em direções opostas, mas com uma leve torção na estrutura que lembra propriedades dos ferromagnetos.

Como funciona o altermagnetismo?

Nos materiais altermagnéticos, uma propriedade única chamada “quebra de simetria de reversão do tempo” permite comportamentos especiais. Em termos simples, essa propriedade altera a simetria quando a direção do tempo é invertida. 

Imagine partículas de gás se movimentando: ao voltar no tempo, o comportamento parece igual. Mas, no caso de elétrons com spin quântico, a inversão do tempo muda a direção do spin, quebrando a simetria.

Mapeamento do vetor de ordem altermagnética em pesquisa que descobriu terceira forma de magnetismo. Crédito: Amin, O.J., Dal Din, A., Golias, E. et al. 

Segundo Oliver Amin, líder da equipe, explicou ao site Live Science, essa quebra de simetria abre caminho para fenômenos elétricos inéditos. “O benefício dos ferromagnetos é que temos uma maneira fácil de ler e escrever a memória usando esses domínios para cima ou para baixo”, disse o coautor do estudo Alfred Dal Din, estudante de doutorado. “Mas como esses materiais têm um magnetismo líquido, essa informação também é fácil de perder ao passar um ímã sobre ela”.

Os cientistas analisaram o material telureto de manganês, inicialmente classificado como antiferromagnético. Utilizando uma técnica avançada chamada microscopia eletrônica de fotoemissão, investigaram sua estrutura magnética. Raios-X polarizados revelaram como os momentos magnéticos se organizam no material, permitindo mapear as regiões magnéticas – um feito inédito.

Com base nessa análise, a equipe conseguiu criar dispositivos experimentais usando ciclos térmicos para manipular as estruturas magnéticas internas. Eles formaram padrões magnéticos complexos, chamados vórtices, que são promissores para uso em spintrônica, a tecnologia que usa o spin dos elétrons para armazenar e transportar dados.

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“Elo perdido” entre magnetismo e supercondutividade

Os altermagnetos podem viabilizar dispositivos de memória magnética mais rápidos, resistentes e fáceis de usar. Além disso, preenchem uma lacuna no entendimento entre magnetismo e supercondutividade. “Esse material pode ser o elo perdido nesse quebra-cabeça”, disse Dal Din.

Essa descoberta marca um passo decisivo para futuras tecnologias mais eficientes e seguras, com aplicações que vão de eletrônicos a sistemas de transporte de dados e novos materiais supercondutores.

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