Plano golpista: veja os principais pontos da delação premiada de Mauro Cid à Polícia Federal

Plano golpista: veja os principais pontos da delação premiada de Mauro Cid à Polícia Federal

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tirou o sigilo, nesta quarta-feira (19), dos depoimentos de Mauro Cid à Polícia Federal sobre o plano golpista.

Os denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) têm até 15 dias para se manifestarem sobre seu conteúdo.

Cid é ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os dois estão entre os 36 denunciados pela PGR por crimes de golpe de Estado e organização criminosa no âmbito da investigação que apura a tentativa de evitar a posse de Lula (PT).

O relatório se tornou público após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por envolvimento na trama golpista.

Delação premiada

A delação de Cid serviu para embasar grande parte da investigação.

O acordo previa detalhes aos investigadores sobre suspeitas de crimes cometidos por ele e por outros envolvidos durante o governo de Bolsonaro.

Caso as informações prestadas por Cid sejam confirmadas pela investigação, ele pode receber benefícios como a redução da pena e o cumprimento de condenações em regime aberto.

Veja os principais pontos do depoimento:

  • Braga Netto

​A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid mostra que o general Braga Netto, ex ministro e vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, tentou blindar as informações de que o militar teria a intenção de financiar militares para execução do plano golpista e obter dados sobre a delação.

“Pelo respeito que a gente tem com uma autoridade, um general quatro estrelas, que às vezes é muito caro, dosa muitas palavras para evitar estar acusando ou falando de uma autoridade, ainda mais um general quatro estrelas”, admitiu.

Na delação, Mauro Cid ainda confirmou que Braga Netto repassou a ele dinheiro dentro de uma sacola de vinho no Palácio da Alvorado.

Os recursos teriam sido entregues a um militar identificado como Rafael de Oliveira.

  • Minuta do golpe

Mauro Cid também afirmou à PF que Bolsonaro apresentou uma minuta golpista para reverter o resultado das eleições.

De acordo com ele, o general Braga Netto teria incentivado Bolsonaro a assinar o decreto e garantido que as Forças Armadas cumpririam a decisão.

O ex-presidente teria apresentado a minuta, que ainda estava sendo “trabalhada”, a Estevam Theophilo, general considerado 4 estrelas e ex-comandante da área de operações especiais do Exército.

O ex-ajudante também relatou que Theophilo estaria disposto a integrar o núcleo do golpe, desde que o ex-presidente oficializasse a medida.

  • Monitoramento Alexadre de Moraes

O tenente-coronel ainda revelou que o ex-presidente foi quem solicitou o monitoramento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Segundo a delação, foi o próprio Cid quem pediu ao ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, que realizasse o monitoramento.

A chamada Operação Copa 2022 tinha por objetivo criar uma comoção social capaz de arrastar o Alto Comando do Exército à aventura do golpe.

Em execução inicial da operação, foram levadas a cabo ações de monitoramento dos alvos de “neutralização”, que seriam Moraes e Lula.

O plano contemplava o assassinato dos dois com uso de explosivos e veneno.

  • Incitação ao golpe

Cid também chegou a afirmar que a ex primeira-dama Michelle Bolsonaro e um grupo de conselheiros radicais tentavam convencer o então presidente de “forma ostensiva”.

“O general Mario Fernandes atuava de forma ostensiva, tentando convencer os demais integrantes das forças a executarem um golpe de Estado. Compunha também o referido grupo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Tais pessoas conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o a dar um golpe de Estado. Eles afirmavam que o ex-presidente tinha o apoio do povo e dos CACs para dar o golpe”, explicou Cid.

  • Vacinação Covid-19

Outro ponto citado na delação premiada diz respeito à Covid-19.

Cid afirmou que recebeu ordens de Bolsonaro para inserir dados falsos de vacinação contra a doença.

O objetivo era conseguir certificados de vacinação fraudulentos em nome dele e da filha, uma vez que o ex-presidente não se imunizou contra a doença.

No depoimento, Cid afirmou que o pedido de Bolsonaro foi feito depois que o então presidente descobriu que seu ajudante de ordens havia conseguido, para si próprio e sua família, cartões de vacinação por meio da inserção de dados falsos no sistema Conecte SUS, em 2021.

O objetivo de ter um cartão falso era usá-lo em situações de necessidade, como no caso de viagens internacionais, em que a apresentação do documento ainda era requisito obrigatório para entrar nos países.

The post Plano golpista: veja os principais pontos da delação premiada de Mauro Cid à Polícia Federal appeared first on Portal Norte.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.