Homem que escapou da Coreia do Norte descreve o que acontece se você comprar uma TV no país

Homem que escapou da Coreia do Norte descreve o que acontece se você comprar uma TV no país

A Coreia do Norte é um dos países mais enigmáticos do planeta, cercado por mistérios e políticas que desafiam a compreensão do mundo exterior. Conhecida por seu regime fechado e controle rigoroso sobre a população, a nação governada por Kim Jong-un desperta curiosidade justamente por ser tão inacessível.

Enquanto a maioria dos países abre suas portas para turistas, visitar a Coreia do Norte não é simples: é preciso seguir regras rígidas, e apenas um número limitado de nacionalidades tem permissão para entrar. Mas se entrar já é difícil, sair do território norte-coreano é um desafio ainda maior, como relatam aqueles que conseguiram fugir — os chamados desertores.

Um desses desertores, Timothy Cho, compartilhou detalhes sobre a vida no país em uma entrevista. Ele revelou aspectos chocantes do controle exercido pelo governo, principalmente em relação à mídia e à propaganda. Segundo Cho, comprar uma televisão na Coreia do Norte é um processo monitorado: agentes do governo vão até a casa do cidadão, removem todos os canais e deixam apenas um disponível.

Timothy Cho afirmou que todo o país é doutrinado para acreditar em uma ideia mítica da família Kim.

Timothy Cho afirmou que todo o país é doutrinado para acreditar em uma ideia mítica da família Kim.

Esse único canal transmite conteúdo 24 horas por dia dedicado à glorificação da família Kim. Documentários, músicas e programas exaltam as supostas conquistas dos líderes, desde Kim Il-sung, fundador do regime em 1948, até o atual líder, Kim Jong-un. Até as canções populares são compostas para enaltecer a história da família, criando uma narrativa ininterrupta de adoração.

O culto à personalidade em torno dos Kim é tão intenso que chega a ser comparado a uma religião. Desde a infância, os norte-coreanos são ensinados a venerar os líderes como figuras divinas. Kim Il-sung, por exemplo, é chamado de “Líder Eterno”, mesmo após sua morte em 1994. Já Kim Jong-il, seu filho, foi retratado como uma figura quase sobrenatural: propagandas oficiais afirmavam que, no dia de seu nascimento, uma estrela gigante teria iluminado o céu sobre a casa onde ele nasceu. Esse tipo de narrativa mitológica é repetido em escolas, locais de trabalho e até dentro das casas, por meio de rituais obrigatórios.

Todo feriado nacional, por exemplo, a população deve visitar estátuas ou monumentos da família Kim para fazer reverências. Quem não participa dessas cerimônias pode ser visto com desconfiança, o que coloca em risco não apenas a própria vida, mas também a de familiares.

O controle é tão profundo que até as emoções pessoais são manipuladas. Timothy Cho contou que, quando Kim Il-sung morreu, ele e milhões de pessoas choraram compulsivamente, convencidos de que um “deus” havia partido. Ele mesmo passou dias em jejum, numa demonstração de luto que, hoje, reconhece como resultado de anos de doutrinação.

A propaganda também se infiltra na educação. Crianças aprendem desde cedo que a Coreia do Norte é o país mais próspero do mundo, enquanto nações estrangeiras são retratadas como perigosas ou miseráveis. Livros didáticos e histórias infantis reforçam a ideia de que os Kim são protetores onipotentes, e questionar essa narrativa é considerado um crime grave. Qualquer forma de cultura externa — filmes, músicas, até roupas — é proibida, e o acesso à internet é restrito a uma minúscula parcela da elite.

Mesmo com as dificuldades, alguns norte-coreanos arriscam tudo para fugir. O processo de desertar envolve atravessar fronteiras vigiadas, muitas vezes com a ajuda de contrabandistas, e enfrentar anos de adaptação em países como a Coreia do Sul. Para muitos, porém, o preço da liberdade inclui deixar para trás familiares, que podem sofrer represálias do regime. A história de Cho é um exemplo de como a vida sob o controle total do Estado molda não apenas ações, mas também pensamentos e crenças — um retrato único de um sistema que permanece, para o resto do mundo, um quebra-cabeça incompreensível.

Esse Homem que escapou da Coreia do Norte descreve o que acontece se você comprar uma TV no país foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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