Governador Wilson Lima e prefeito Mateus Assayag aparecem em público pela primeira vez após eleição tensa em Parintins

Encontro ocorre no lançamento do Festival 2025 sem atritos ou saia justa.

O lançamento oficial do Festival Folclórico de Parintins 2025, realizado no Teatro Amazonas, foi um evento que extrapolou o campo cultural e se tornou palco para articulações políticas de peso. Além do protagonismo dos bois-bumbás Garantido e Caprichoso, representados por seus respectivos presidentes, Fred Góes e Rossy Amoedo, a classe política amazonense aproveitou a ocasião para movimentações estratégicas.

Entre os episódios que chamaram atenção, um deslize do secretário de Cultura e ex-presidente da Câmara Municipal de Manaus, Caio André, gerou burburinho. Ao se referir a Fred Góes, ele o colocou como presidente do Caprichoso, confundindo as lideranças dos bois.

O erro foi corrigido imediatamente, mas reforça as críticas de parte da classe artística à escolha de Caio André para a pasta da Cultura, apontada por alguns como uma decisão mais política do que técnica. No entanto, o ponto alto do evento foi o encontro público entre o governador Wilson Lima e o prefeito de Parintins, Mateus Assayag, após a tensa disputa eleitoral de 2024.

O clima político em Parintins foi de guerra durante a eleição municipal, resultando na vitória de Mateus Assayag sobre a candidata apoiada por Wilson Lima, Brena Dianná. Assayag venceu com o suporte de um palanque poderoso, composto por figuras como o ex-prefeito Bi Garcia, o deputado federal Saullo Vianna, os senadores Omar Aziz e Eduardo Braga, além de deputados federais como Silas Câmara e Capitão Alberto Neto.

O governador, por sua vez, apostou na candidatura de Brena Dianná, mas seu grupo acabou derrotado. Com o fim do pleito, a política segue seu curso natural de reaproximações e realinhamentos. Wilson Lima, que já é citado como possível candidato ao Senado em 2026, sabe que Parintins tem um peso eleitoral expressivo e não pode ser ignorado.

Por isso, ao devolver simbolicamente a chave do Bumbódromo à prefeitura, o governador sinalizou um gesto de distensão com Mateus Assayag. Esse movimento contrasta com o cenário do ano passado, quando, devido ao acirramento eleitoral, o governo do Estado retirou a prefeitura da organização direta do festival. Agora, o tom é mais republicano e estratégico.

Mateus Assayag, apesar de estar em seu primeiro mandato como prefeito, já possui experiência política e entende o peso dessas movimentações. Ele não será candidato em 2026, mas terá influência no pleito. O prefeito está alinhado ao grupo de Omar Aziz e Eduardo Braga.

Seu apoio à reeleição de Saullo Vianna para a Câmara Federal está garantido, apesar dos rumores de que Saullo pode ser remanejado para outro projeto político. No entanto, a deputada estadual Mayra Dias, que esteve ao lado de Bi Garcia na campanha de Assayag, já tem também o apoio do prefeito para sua reeleição à Assembleia Legislativa do Amazonas.

O gesto de Wilson Lima em Parintins demonstra que ele não está disposto a aumentar tensões desnecessárias. Seu foco agora é garantir uma base sólida para uma eventual candidatura ao Senado. Por outro lado, Mateus Assayag mostra que, mesmo com uma máquina administrativa recém-conquistada, entende os jogos de poder e sabe que precisa manter boas relações tanto com o governo estadual quanto com seu grupo político.

O Festival de Parintins, mais uma vez, se prova não apenas como um evento cultural de relevância internacional, mas também como um dos grandes palcos da política amazonense. Por trás das cores vibrantes dos bois e do espetáculo folclórico, há um jogo político intenso, onde cada gesto tem uma conotação estratégica. E, no Amazonas, ninguém dá ponto sem nó quando o assunto é eleição.

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