Salinópolis, o vibrante balneário banhado pelo Oceano Atlântico e um dos destinos turísticos mais cobiçados do Pará, teve seu brilho ofuscado durante o feriadão da Semana Santa e Tiradentes, segundo denúncia com fotos enviadas ao Ver-o-Fato. A rodovia PA-324, principal acesso à cidade, tornou-se um verdadeiro teste de paciência para motoristas, que enfrentaram engarrafamentos intermináveis devido ao excesso de lombadas.
As queixas, que ecoaram nas redes sociais e nas conversas dos viajantes, apontam para um problema crônico: as dezenas de redutores de velocidade, recentemente ampliados com novos dispositivos, estão travando o trânsito e transformando o retorno de Salinas para Belém em um calvário.
Na última segunda-feira, 21 de abril, motoristas relataram até quatro horas para percorrer o trecho entre Salinópolis e Santa Maria do Pará. O caos se agravou no trajeto seguinte, de Marituba até Belém, onde o tráfego já é notoriamente congestionado. “É um tremendo calvário essas lombadas”, desabafou o comerciante Cesário Vilas Boas, de 50 anos. “Elas não servem pra nada, a não ser atrapalhar o fluxo e atrasar terrivelmente nossas viagens.”
O professor Juvêncio Magalhães, 41, engrossa o coro: “As novas lombadas pioraram e muito o que já era caótico. O governo precisa rever isso com urgência.” Já a administradora Renata Dias Dourado, 29, foi ainda mais contundente: “Salinas virou um exercício de paciência. O governo fala em promover o turismo, mas esquece da infraestrutura. Esse monte de lombadas é único no Brasil e- parece feito só para afugentar quem vem pela primeira vez.”
Um problema sem solução à vista?
O engenheiro de trânsito Bento Gouveia, diretor de Fiscalização do Detran, tentou esclarecer a situação. Segundo ele, “o Departamento de Trânsito do Pará não autorizou nem construiu novas lombadas no trecho mencionado.” Gouveia atribui o caos à “explosão na demanda por Salinas, a praia mais concorrida do Pará.” Contudo, ele reconhece que a expansão do turismo na região exige a duplicação da PA-324, uma solução que, até o momento, permanece no campo das promessas.
O excesso de lombadas na PA-324 é mais do que um inconveniente — é um entrave ao potencial turístico de Salinópolis. Enquanto se promove Salinas como joia da coroa do turismo paraense, a infraestrutura rodoviária parece remar contra. As lombadas, originalmente instaladas para aumentar a segurança, perderam sua função prática, tornando-se obstáculos que prolongam viagens, elevam o consumo de combustível e irritam motoristas.
A adição de novos redutores, sem planejamento adequado, só agravou o problema, criando gargalos que prejudicam tanto os turistas quanto a economia local, altamente dependente do fluxo de visitantes.
A falta de sincronia entre o discurso de promoção do turismo e as condições da rodovia é gritante. Salinas atrai milhares de visitantes em feriados, mas a PA-324, com seu “infame monte de lombadas”, como descreveu Renata, parece projetada para desencorajar o retorno. A duplicação da rodovia, sugerida por Gouveia, seria um passo lógico, mas a ausência de prazos concretos deixam os motoristas presos a um cenário de frustração.
Um apelo por mudanças
Salinópolis merece mais. O governo precisa priorizar a modernização da PA-324, com menos lombadas, sinalização eficiente e, idealmente, a tão discutida duplicação. Investir em infraestrutura é investir no turismo, na economia local e na qualidade de vida de quem escolhe Salinas como destino.
Enquanto isso, os motoristas seguem reféns de uma rodovia que, em vez de conectar, atrapalha. A pergunta que fica é: até quando o Pará vai tolerar que uma de suas maiores atrações turísticas seja acessada por uma via que parece sabotar o próprio progresso?
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