
As gêmeas siamesas Kiraz e Aruna, de um ano e seis meses de idade e naturais do interior de São Paulo, foram internadas no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) na manhã desta quarta-feira (7). Elas farão a cirurgia de separação no sábado (10), após mais de um ano de planejamento.
As irmãs compartilham órgãos vitais como fígado, intestino, genitália, ânus, tórax, abdômen e bacia. Segundo o hospital, a internação antecipada é necessária para garantir um pré-operatório completo e seguro. No tempo entre a internação e a cirurgia, as crianças estão passando por um rigoroso protocolo de preparo intestinal, etapa fundamental do processo.
Procedimento complexo
As meninas são acompanhadas desde os primeiros meses de vida pelo cirurgião pediátrico do Hecad, Dr. Zacharias Calil, que é referência nacional na separação de gêmeos siameses há mais de 25 anos. Segundo o especialista, as gêmeas são classificadas como esquiópagas triplas, ou seja, estão unidas pelo osso ísquio (no quadril), têm três pernas e compartilham diversos órgãos.
“Esse será um dos procedimentos mais complexos que já realizamos. Toda a preparação até aqui foi feita com muito cuidado para oferecer a elas a melhor chance de recuperação e qualidade de vida”, aponta o cirurgião.
Primeira cirurgia em 2024
Em outubro do ano passado, Kiraz e Aruna foram submetidas a uma primeira cirurgia de implantação de expansores de pele no Hecad. A etapa teve a função de estimular o crescimento mais rápido da pele das crianças para que haja tecido suficiente para cobertura dos dois corpos no momento da separação.
As meninas tiveram um acompanhamento regular na unidade, com consultas quinzenais e, no último mês, com visitas semanais para monitoramento do crescimento, ganho de peso e atualização do esquema vacinal, garantindo condições ideais de imunidade e segurança clínica.
Equipe reforçada para operação
A cirurgia envolverá mais de 10 cirurgiões de diferentes especialidades médicas, como cirurgia pediátrica, cirurgia plástica, urologia pediátrica, ortopedia pediátrica, cirurgia vascular, cirurgia do aparelho digestivo e anestesiologia, explica o governo de Goiás.
A força-tarefa para a cirurgia, feita por profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), deve contar com mais de 20 profissionais atuando diretamente no centro cirúrgico, além de outros 40 envolvidos no suporte externo. A estimativa é de que o procedimento dure mais de 15 horas.