
Um cano de água construído durante o período romano, com cerca de dois mil anos, foi encontrado em estado de preservação incomum por arqueólogos em Leuven, na Bélgica.
O achado ocorreu durante escavações preventivas realizadas na Brusselsestraat, onde será construída uma nova residência estudantil. O objeto, feito de madeira, foi enterrado a cerca de quatro metros de profundidade em um solo alagadiço.
A prefeitura de Leuven divulgou que a estrutura mede entre 20 e 30 metros de extensão e é composta por troncos de árvores ocos com cerca de 1,8 metro de comprimento cada.
Trata-se da primeira vez que um cano de madeira completo desse tipo, pertencente à época imperial romana, é descoberto na região de Flandres.
Segundo os arqueólogos responsáveis, estruturas semelhantes já haviam sido identificadas em cidades como Tienen e Tongeren. No entanto, nessas localidades, apenas vestígios dos canais haviam resistido ao tempo — a madeira original não foi preservada.
Em Leuven, o estado de conservação foi atribuído ao solo pantanoso do vale do rio Dijle, que impediu o contato com oxigênio e retardou a decomposição causada por microrganismos.
O arqueólogo-chefe do projeto, cuja identidade não foi divulgada na nota pública, destacou que os pesquisadores localizaram indícios de uma instalação de bombeamento conectada ao cano.
A evidência, segundo ele, sugere um nível de complexidade hidráulica superior ao que se conhecia para assentamentos de pequeno porte.
“As marcas no tubo indicam que pode ter existido uma bomba manual ou sistema similar para movimentar a água”, informou a equipe técnica.
Durante o período de construção do sistema, entre os séculos I e III d.C., Leuven era um povoado de pequena dimensão situado próximo a uma estrada militar romana que se conectava à Via Bélgica — rota entre Colônia e Boulogne-sur-Mer.
Em nota oficial, o vereador de Obras Públicas de Leuven, Dirk Vansina, comentou que “embora o tamanho de Leuven na época romana fosse limitado, descobertas como esta comprovam que a presença romana aqui certamente não foi acidental”.
O cano será transferido nas próximas semanas para um laboratório especializado, onde passará por análises dendrocronológicas — técnica que permite determinar a idade da madeira por meio dos anéis de crescimento.
Em seguida, será submetido a um processo de liofilização para garantir sua preservação em longo prazo. O município estuda futuramente expor a peça ao público.