GURUPÁ – Prefeita retalia oposição, demite professores e escolas ficam sem aulas

A política em Gurupá, no arquipélago do Marajó, está pegando fogo. Desde maio, com a saída do prefeito Joãozinho Batista (MDB), fiel escudeiro do governador Helder Barbalho e por ele nomeado novo Secretário Regional do Marajó, quem assumiu o cargo foi a vice-prefeita, Iracilda Alho. Ocorre que Iracilda, mal sentou na cadeira do poder, jogou pesado contra a oposição local, desferindo golpes de ódio e força.

Pré-candidata a prefeita, ela é apoiada por Joãozinho Batista, pelo governador e faz o que eles mandam. Assim, no dia seguinte da posse, 2 de maio, Iracilda, com uma só canetada, exonerou mais de 200 servidores, incluindo professores, de várias escolas da cidade e da zona rural.

Motivo: eles seriam ligados à vereadora Fabiola, que é pré-candidata da oposição à prefeitura e, portanto, adversária de Iracilda na luta pelo poder, no pleito de outubro próximo. Como é próprio da política atrasada e rasteira que se faz no Pará, opositor que não vira a casaca e adere ao governo é tratado a pão e água, ou na base do veneno.

O primeiro problema nessa perseguição e arbitrariedade, é que entre os exonerados há diretores de escolas que haviam sido submetidos e aprovados em um processo seletivo. O caso foi parar no MP e na Justiça e as aulas estão suspensas, prejudicando centenas de alunos, a maioria crianças.

Conversa ao pé do ouvido

É aí que entra em cena a artimanha política do tipo arrasa quarteirão: a secretaria da Educação do município, Francisca de Almeida Alho, que coincidentemente é irmã da prefeita Iracilda, foi visitar as escolas e deu o recado curto e grosso: os exonerados deveriam procurá-la na Semec para ter uma ” conversa particular”, o que traduzido ao pé da letra seria acordo político tipo “ou dá ou desce”.

Desse modo, quem entrou no jogo e fechou o tal acordo político, foi readmitido Antes disso, porém, segundo um servidor, foi obrigado a tirar uma foto com a secretária. Por outro lado, quem recusou a proposta e não “mudou de lado”, continua demitido.

Em vídeo enviado ao Ver-o-Fato, gravado em uma comunidade, os servidores demitidos de uma escola se reuniram para falar que não aceitam acordo político e denunciar que as aulas estão paralisadas em algumas localidades, porque não há professores para substituir os exonerados.

Um fato tão absurdo, mas não inusitado. Afinal, a velha política no Pará é assim e nada muda: quem está no poder só olha para amigos e bajuladores. Quanto aos demais, até mesmo opositores, o tratamento é a ferro e fogo.

O Ver-o-Fato não conseguiu falar com a prefeita Iracilda Alho e nem com a irmã dela, a secretária de Educação. O espaço está aberto à manifestação de ambas.

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