Crítica de Olho por Olho: Vale a pena assistir ao filme?

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Olho por Olho (1996), dirigido por John Schlesinger e estrelado por Sally Field, Kiefer Sutherland e Ed Harris, é um thriller psicológico que gira em torno de uma mãe, Karen McCann (Field), que busca vingança após a morte brutal de sua filha de 17 anos.

Quando o criminoso acusado do crime, Robert Doob (Sutherland), é libertado devido a falhas no processo judicial, Karen decide fazer justiça com as próprias mãos. Embora a premissa tenha potencial para explorar questões complexas sobre justiça, vingança e a moralidade do vigilantismo, o filme falha em oferecer uma reflexão profunda sobre esses temas e, em vez disso, se perde em um melodrama grosseiro e sensacionalista.

A premissa e os problemas centrais

A ideia central de Olho por Olho – uma mãe que toma a justiça em suas próprias mãos quando o sistema judicial falha – pode ser vista como provocativa. Em um filme melhor, essa premissa poderia levar o público a questionar a moralidade do vigilantismo e os custos pessoais e emocionais envolvidos. No entanto, o que poderia ser uma narrativa interessante se transforma em uma história simples e sem nuances.

Desde o início, não há dúvida de que Doob é culpado, e sua natureza vilanesca é amplificada ao longo do filme com uma série de ações horríveis, como cometer mais crimes e ameaçar outra filha de Karen. O filme se recusa a permitir qualquer ambivalência ou complexidade, tornando-se uma defesa simplista do vigilantismo.

A falha mais significativa de Olho por Olho é a falta de ambiguidade moral. A história não oferece uma visão crítica do vigilantismo ou suas consequências, mas, ao invés disso, empurra o público a apoiar cegamente a vingança de Karen. O filme se torna um argumento agressivo e sem questionamentos sobre o direito de uma pessoa de se vingar quando o sistema de justiça falha.

As sequências perturbadoras e sensacionalistas

Outro ponto crítico do filme é o tratamento das cenas de violência, em particular as duas sequências de estupro. Elas são mostradas de maneira grotesca e sensacionalista, quase como se fossem parte de um show grotesco, sem qualquer justificativa emocional ou narrativa convincente.

O uso dessas cenas não apenas diminui o impacto da tragédia, mas também torna a narrativa mais sombria e perturbadora de uma forma que parece excessiva, desnecessária e até fetichista.

As atuações

Sally Field, apesar das limitações do roteiro, faz o possível para tornar Karen uma personagem com a qual o público possa se relacionar. Sua performance é, sem dúvida, o ponto alto do filme, e ela transmite a dor e a raiva de sua personagem de forma convincente. No entanto, o mesmo não pode ser dito sobre os outros membros do elenco. Kiefer Sutherland, como o vilão Robert Doob, interpreta o personagem de forma exagerada, sem a menor tentativa de complexidade ou sutileza. Ele é apenas um monstro para ser odiado.

Ed Harris, como o marido de Karen, parece perdido em um papel sem profundidade, e os personagens coadjuvantes, interpretados por Philip Baker Hall e Keith David, têm pouco a oferecer em termos de desenvolvimento, apesar de suas boas atuações.

Potenciais não explorados

Uma das maiores falhas de Olho por Olho é o desperdício de um material que poderia ser muito mais interessante e multifacetado. O filme nunca questiona seriamente o impacto psicológico e emocional de Karen, uma vez que ela se torna uma assassina, nem explora as implicações morais do que ela faz. E se Doob tivesse realmente protestado sua inocência?

E se a polícia tivesse se empenhado em proteger Doob da vingança de Karen? Essas são perguntas que poderiam ter tornado o filme mais provocativo e profundo, mas o roteiro de Erika Holzer, Amanda Silver e Rick Jaffa opta pela via mais fácil e cínica.

Vale a pena assistir Olho por Olho?

  • Nota: ★★☆☆☆ (2/5 estrelas)

Olho por Olho é um filme que falha em cumprir sua promessa de explorar as questões morais e emocionais do vigilantismo. Embora a premissa tenha potencial, a execução se perde em um melodrama vazio, com cenas grotescas e uma narrativa sem ambiguidade ou profundidade.

As atuações de Sally Field e alguns coadjuvantes oferecem algum alívio, mas não são suficientes para salvar o filme de sua abordagem simplista e sensacionalista. Olho por Olho é difícil de recomendar, pois é um filme que não só decepciona, mas também se torna desconfortável de assistir devido ao seu tratamento das questões centrais e à exploração excessiva da violência.

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