Flow: Final Explicado e Simbolismos do Filme de Animação

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Flow é um filme letão de 2024, também conhecido como Straume, dirigido por Gints Zilbalodis e coescrito por Matīss Kaža. Sem diálogos e repleto de simbolismos, esta animação cativou público e crítica, ao ponto de ser indicada e premiada em festivais internacionais, incluindo o prestigiado Festival de Cannes e o Globo de Ouro 2025. A narrativa acompanha um gato preto em um mundo pós-apocalíptico, onde humanos parecem não mais existir, e diversos animais precisam se unir para sobreviver a desastres naturais, especialmente grandes inundações.

A seguir, entenda como o desfecho de Flow aborda temas como resiliência, colaboração e esperança, concentrando-se na jornada do gato e nas aparições enigmáticas de outros animais, como o pássaro secretário e a baleia.

A jornada do gato em Flow

O gato preto inicia sua aventura em isolamento total. Logo na primeira cena, ele rouba um peixe de uma matilha de cães, escapando por pouco. Em meio à tensão, uma enchente repentina obriga todos os animais a fugir, e o gato se vê em um cenário devastado pela água. Ao encontrar um pequeno barco à deriva, o felino embarca sem saber que também ali está um capivara tranquilo, aparentemente alheio ao caos ao seu redor.

A cada trecho da viagem, novos animais se juntam ao grupo, como um lêmure e um pássaro secretário. Enquanto vagam por cidades submersas e paisagens inóspitas, todos aprendem que a colaboração é fundamental para sobreviver. O gato, antes individualista, passa a agir para salvar outras criaturas — inclusive os mesmos cães que o perseguiam no início. Essa transição mostra como ele evolui de mero sobrevivente para líder disposto a arriscar-se em prol da coletividade.

O simbolismo do pássaro secretário

Em Flow, o pássaro secretário representa uma jornada espiritual. Ele perde a capacidade de voar após conflitos com seu bando, mas gradualmente recupera as asas ao cooperar com os demais animais na embarcação. Em uma das cenas mais marcantes, durante uma tempestade, o pássaro é arrebatado por uma espécie de portal de luz no céu. Essa imagem funciona como metáfora de transcendência ou desaparecimento — para muitos, indica a morte do pássaro; para outros, simboliza uma libertação espiritual.

O contraste entre o pássaro secretário e o gato reforça a dualidade entre aceitar o desconhecido (pássaro que “parte” para outra dimensão) e enfrentar a realidade (o gato que segue vivo e lidando com os desafios do dia a dia). É uma lembrança de que nem todos sobrevivem às adversidades, mas cada indivíduo deixa um legado que inspira os demais.

A cena do reflexo em Flow

Um dos momentos mais importantes de Flow é quando todos os animais observam seu reflexo na água. O filme mostra o gato repetidamente olhando para o próprio reflexo em poças e lagoas, desde o início. Porém, é no clímax que este gesto torna-se coletivo: capivara, lêmure, cães e gato finalmente se veem espelhados lado a lado.

Esse ato de “enxergar-se” simboliza a consciência de grupo. Se antes cada um focava em sobreviver sozinho, agora entendem que a união é imprescindível para a continuidade de todos. O reflexo conjunto aponta para a redescoberta de uma identidade coletiva em meio à crise.

O destino da baleia e o pós-créditos de Flow

A baleia, vista mais de uma vez durante a viagem, tem papel crucial em momentos de perigo. Ela chega a salvar o gato de um afogamento e até ajuda a embarcação a se soltar quando encalha. Em determinado ponto, a baleia aparece encalhada e morrendo, reforçando a atmosfera de desastre ecológico.

Entretanto, na cena pós-créditos, essa mesma baleia surge nadando livremente no oceano. A sugestão é de que as águas voltaram a subir, proporcionando uma segunda chance a esse gigantesco mamífero — e, de modo simbólico, a todo o ecossistema. É um lembrete de que, apesar dos obstáculos, a natureza encontra caminhos para se renovar, sobretudo quando há esforço coletivo e esperança.

A ausência dos humanos e as questões levantadas

Flow não apresenta personagens humanos, mas dá pistas sobre a influência deles no passado: construções alagadas, objetos espalhados e possíveis resquícios de civilização. O roteiro não explica diretamente o que ocorreu com a humanidade, deixando no ar teorias sobre migração ou extinção causada por algum desastre ambiental. Essa ausência instiga reflexões sobre o impacto das ações humanas no planeta — afinal, os animais agora lutam contra consequências aparentemente provocadas por decisões equivocadas da nossa espécie.

A mensagem de Flow

Flow leva o espectador a ponderar sobre temas como sobrevivência, cooperação e renascimento. A jornada do gato preto, que supera seus medos e passa a cuidar de outros animais, demonstra que a união é o grande motor da esperança. A simbologia do pássaro secretário, desaparecendo em um possível encontro com a espiritualidade, reforça a mensagem de que cada ser reage ao seu modo aos desafios da vida. Já a aparição final da baleia nadando livremente comprova que, mesmo após tanto caos, há espaço para renovação.

Em linhas gerais, o final de Flow nos lembra que, assim como na natureza, a vida segue seu ciclo com perdas e renascimentos. Os personagens podem até enfrentar situações extremas, mas o filme sugere que a empatia, o respeito e o apoio mútuo são capazes de gerar esperança — e, quem sabe, um futuro mais harmonioso para todos os seres vivos.

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