Polícia de SP prende mais um suspeito de ter participado da execução do delator do PCC


Marcos Henrique Soares Brito teria ajudado Kauê do Amaral, apontado como ‘olheiro’ que avisou atiradores sobre a chegada de Gritzbach ao aeroporto e que segue foragido. Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos
Mais um suspeito foi preso nesta sexta-feira (17) por participação na execução do empresário Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) que foi executado no ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Marcos Henrique Soares Brito teria ajudado Kauê do Amaral, apontado como “olheiro” que avisou atiradores sobre a chegada de Gritzbach ao aeroporto e que segue foragido.
Na quinta (16), a Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo prendeu um policial militar da ativa suspeito de ter matado Gritzbach. No total, 15 PMs foram presos na operação, sendo 14 do núcleo de segurança pessoal do delator e o acusado de ser o atirador. Além deles, uma modelo apontada como namorada de Kauê também foi presa.
Kauê foi o primeiro suspeito identificado pela força-tarefa e continua foragido. “Nossa investigação entende que ele [Kauê] não está mais no Rio de Janeiro. E aí nós temos, olha que interessante, a pessoa que possivelmente foi ao Rio e retornou com ele para São Paulo”, explicou a delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios de Proteção e Proteção à Pessoa (DHPP).
Modelo é presa em operação e nega ser namorada de olheiro do PCC, mas investigação aponta que os dois foram para motel
A polícia já tinha um mandado de prisão contra Marcos. Na manhã desta sexta, ele foi encaminhado para o DHPP e fez exame de corpo de delito.
Executado no Aeroporto Internacional de São Paulo no ano passado, Gritzbach era acusado de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro para a facção. Na delação premiada assinada com o Ministério Público, ele entregou o nome de pessoas ligadas ao PCC e também acusou policiais de corrupção.
O cabo da Polícia Militar Denis Antonio Martins, acusado de ser o atirador que executou o delator da facção criminosa PCC, Vinicius Gritzbach.
Montagem/g1/Reprodução/TV Globo
Veja abaixo o que se sabe sobre a operação da quinta:
Como e quando as investigações começaram?
Quais elementos levaram à prisão dos PMs?
Qual a tecnologia de rastreamento usada pela polícia?
Quem são os policiais presos?
Quem é o mandante do assassinato?
Como o delator foi morto?
Como e quando as investigações começaram?
A investigação que culminou na prisão dos 15 policiais começou após uma denúncia anônima recebida em março do ano passado sobre o vazamento de informações sigilosas da polícia que favoreciam criminosos ligados à facção. O objetivo era evitar prisões e prejuízos financeiros do grupo criminoso.
Segundo a Corregedoria, informações estratégicas eram vazadas e vendidas por policiais militares da ativa e da reserva para integrantes do PCC. Um dos beneficiados pelo esquema era Gritzbach.
Em outubro, uma nova denúncia chegou à Corregedoria com fotos que mostravam PMs fazendo escolta para o empresário durante uma audiência no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste da capital. Em seguida, um inquérito militar policial foi instaurado.
Em 8 de novembro, Gritzbach foi morto com dez tiros na saída da área de desembarque do Terminal 2 do aeroporto. Ele carregava uma bagagem contendo mais de R$ 1 milhão em joias e objetos de valor no momento do crime. O empresário voltava de uma viagem de Alagoas acompanhado da namorada.
No dia seguinte ao crime, quatro PMs contratados para fazer a escolta particular do delator foram identificados e afastados. Na ocasião, os celulares dos agentes também foram apreendidos.
A partir desse material, a Corregedoria da PM cruzou informações e descobriu que os policiais faziam parte de uma rede de proteção do PCC. Eles passavam informações para os criminosos poderem antecipar às ações da polícia.
Quais elementos levaram à prisão dos PMs?
Os policiais foram identificados e presos pela Corregedoria por meio da quebra de sigilo telefônico, da utilização das estações rádio-base (equipamentos que fazem a conexão entre celulares e companhias telefônicas), do sistema de reconhecimento facial e de outras ferramentas de inteligência.
Durante coletiva de imprensa, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, explicou que essas ferramentas colocaram o suspeito de ser o atirador — o PM Denis Antonio Martins — na cena do crime.
“Foi utilizada a comparação das imagens, de vídeo, imagens de dentro do ônibus com as imagens que nós tínhamos desse policial preso na data de hoje. Também o sistema de reconhecimento facial para ver se a imagem que [a Corregedoria] tinha batia com a imagem de dentro do ônibus e deu um percentual considerável de aceitação”, disse Derrite.
Qual a tecnologia de rastreamento usada pela polícia?
O cabo Denis Martins foi identificado após um procedimento que detectou o sinal de seu celular.
Primeiramente, a polícia quebrou o sigilo telefônico do suspeito para rastrear seus movimentos e as mensagens trocadas. A localização do suspeito foi identificada por sinais de telefonia. O sinal do celular indicou, então, que ele estava na cena do crime no momento da execução.
Veja como foi identificado o acusado de executar delator do PCC.
Bruna Azevedo/arte g1
Quem são os policiais presos?
Quinze policiais militares foram presos temporariamente por 30 dias pela Corregedoria. Eles foram encaminhados ao Presídio Romão Gomes.
Um dos alvos da operação é o cabo Denis Antonio Martins, de 40 anos, acusado de ser o atirador que executou o delator do PCC. A identificação dele foi feita por uma tatuagem no braço, segundo a investigação.
Segundo Derrite, o material genético de Martins será coletado para comparar com o material coletado no dia do assassinato. “Tudo nos leva a crer que será positivo e aí essa prisão temporária poderá ser convertida em prisão preventiva”, disse.
Os outros 14 policiais presos eram do núcleo de segurança pessoal do delator e faziam a escolta privada dele.
O corregedor da Polícia Militar de São Paulo, coronel Fábio Sérgio do Amaral, explicou que dois oficiais da PM estão entre os presos. Um deles era responsável por organizar a escala de trabalho dos subordinados, permitindo que eles realizem o serviço de escolta para Gritzbach.
“Um oficial que era o chefe que gerenciava a atividade de segurança pessoal ilícita do Vinicius. O outro oficial que favorecia alguns PMs com suas escalas dava folga aos policiais e fazia intermediação de escalas para os policiais”, afirmou Amaral.
A polícia ainda não sabe se o suspeito de ser o atirador tem relação com os agentes que faziam a escolta particular do delator.
Veja os nomes dos policiais presos:
Abraão Pereira Santana
Adolfo Oliveira Chagas – Serviu na 1ª Companhia do 18º Batalhão da Polícia Militar
Alef de Oliveira Moura – serviu no Primeiro Batalhão de Polícia de Choque e depois na 2ª Companhia do 1º Batalhão
Denis Antonio Martins – PM da ativa suspeito de ter feito os disparos
Erick Brian Galioni
Giovanni de Oliveira Garcia – serviu no Primeiro Batalhão de Polícia de Choque. Trabalhou na seção de rádio
Jefferson Silva Marques de Souza – serviu no Primeiro Batalhão de Polícia de Choque
Julio Cesar Scarlett Barbini
Leandro Ortiz – Serviu na 1ª Companhia do 18º Batalhão da Polícia Militar
Leonardo Cherry Souza
Romarks Cesar Ferreira Lima – serviu no Primeiro Batalhão de Polícia de Choque e depois no 2º Batalhão
Samuel Tillvitz da Luz – Serviu na 1ª Companhia do 18º Batalhão da Polícia Militar
Talles Rodrigues Ribeiro – serviu no Primeiro Batalhão de Polícia de Choque e depois na 2ª Companhia do 1º Batalhão
Thiago Maschion Angelim da Silva – 1º Tenente, já atuou no do 18º Batalhão da Polícia Militar
Wagner de Lima Compri Eicardi – atuou no do 18º Batalhão da Polícia Militar
Quem é o mandante do assassinato?
Diretora do Departamento de Homicídios de Proteção e Proteção à Pessoa (DHPP), a delegada Ivalda Aleixo afirmou que o assassinato de Gritzbach foi encomendado por um integrante do PCC. Mas ainda não se sabe a identidade do autor.
“Nós temos duas linhas de investigação para os mandantes, ambos de facção. Então foi um crime encomendado por algum membro do PCC. Nós temos duas linhas que já estão bastante adiantadas de investigação”, disse Aleixo durante entrevista coletiva.
A delegada afirmou, ainda, que mais de uma pessoa pode ter sido mandante do assassinato de Gritzbach. Apesar de a investigação não descartar qualquer hipótese, ela não considera que o mando do crime tenha sido de alguém ligado às polícias.
Como o delator foi morto?
Câmeras de segurança registraram o momento em que o delator do PCC foi morto no Aeroporto Internacional de São Paulo. A ação ocorreu no desembarque no Terminal 2. Câmeras de segurança registraram a ação dos criminosos.
Pelas imagens, é possível ver que dois atiradores estão encapuzados. A ação dura 15 segundos.
Passageiros caminhavam tranquilamente com suas malas quando, no canteiro central da área de desembarque, dois homens saem do Gol preto, estacionado em frente a um ônibus da Guarda Civil Metropolitana (GCM), e começam a atirar.
Gritzbach estava de camiseta branca e levava uma mala preta. Ele passa pela calçada e atravessa na faixa de pedestre. Quando chega ao outro lado, o Gol preto para quase em frente ao empresário, e os dois homens saem do carro atirando.
Ele tenta fugir, mas tropeça na mureta e cai, quando é atingido por mais disparos. Os suspeitos, então, entram novamente no veículo e fogem.
Ao todo, Gritzbach foi atingido por dez tiros.
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