Contas em dia: 10 dicas para começar o ano sem dívidas e com os gastos equilibrados

O Brasil é considerado um país consumista: não é raro encontrar um brasileiro com dívidas acumuladas, juros altos de cartões de crédito e empréstimos.

Segundo o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas, elaborado pelo Serasa, 73,1 milhões de brasileiros estão endividados.

Para a especialista em planejamento financeiro e comportamento, Marina Farias, o Brasil tem uma cultura consumista influenciada por promoções.

“Somos um país muito ligado à moda, então acabamos consumindo bastante nesse setor também. Além disso, a facilidade de acesso ao crédito contribui bastante. Em outros países, por exemplo, não é comum parcelar compras como aqui, onde é possível dividir um pagamento em 12, 24 vezes. Isso aumenta o consumo, mas, infelizmente, esse consumo sem consciência e sem educação financeira frequentemente leva à inadimplência”, explica Marina.

A educadora afirma que tudo começa quando a pessoa compra mais do que deveria no cartão de crédito.

“Quando a fatura chega, não consegue pagá-la com a renda mensal. Então, usa o limite do cheque especial, acreditando que conseguirá resolver no mês seguinte. Contudo, o mesmo problema se repete, e o cheque especial já não é suficiente. Daí começam os empréstimos, os parcelamentos do cartão e, na verdade, o que precisa mudar é o comportamento de compra”, exemplifica.

O principal risco de acumular dívidas é o efeito “bola de neve”. Segundo o economista e educador financeiro, Gean Duarte, isso ocorre quando os juros e encargos financeiros crescem exponencialmente, tornando cada vez mais difícil quitar o valor devido.

“Atrasar um pagamento de cartão de crédito pode gerar encargos de até 13% ao mês, o que dobra a dívida em poucos meses. Esse cenário prejudica o orçamento doméstico, limita a capacidade de investir e pode levar ao superendividamento, afetando a saúde mental e o bem-estar financeiro”.

Com o ano que se inicia, vem a oportunidade de adotar novas estratégias para sanar as dívidas e recuperar a saúde financeira.

Veja dicas:

  • Conhecer o tamanho do problema: Levante todas as dívidas, incluindo valores, prazos e taxas de juros. Esse diagnóstico é o ponto de partida;
  • Priorizar dívidas com juros altos: Comece quitando as dívidas mais caras, como cartão de crédito e cheque especial;
  • Renegociar os débitos: Muitos credores oferecem condições especiais para quitação, como descontos para pagamentos à vista ou prazos mais longos;
  • Gerar renda extra: Atividades temporárias ou vendas de itens sem uso podem ajudar a levantar recursos para quitar dívidas;
  • Criar um orçamento realista: Mantenha um controle rígido dos gastos, destinando uma parcela fixa da renda para quitar as dívidas;
  • Adote o orçamento 50-30-20: Destine 50% da renda para necessidades essenciais, 30% para desejos e 20% para dívidas e investimentos;
  • Crie uma reserva de emergência: Poupe o equivalente a 6 meses de despesas para lidar com imprevistos;
  • Evite o crédito fácil: Use o cartão de crédito com consciência, priorizando o pagamento integral da fatura;
  • Planeje grandes compras: Avalie se o gasto é necessário e se está dentro do orçamento;
  • Eduque-se financeiramente: Busque cursos, livros e conteúdos que ajudem a melhorar sua relação com o dinheiro.

Renegociação de dívidas

Quando isso acontece, a sequência de eventos geralmente é a mesma.

No caso de quem está endividado, há a possibilidade de negociar as dívidas com o governo por meio de programas como o Desenrola Brasil ou o REFIS (Programa de Recuperação Fiscal).

“Essas iniciativas permitem a renegociação de débitos tributários e não tributários, com condições facilitadas, como parcelamentos e descontos”, aponta Gean Duarte.

Para aderir, é necessário acessar o site do programa correspondente ou entrar em contato com a Receita Federal e com órgãos municipais e estaduais responsáveis.

Passo a passo para sair da inadimplência:

  • O primeiro passo é organizar as finanças no papel: liste todos os credores, o valor atual das dívidas e o saldo inicial do endividamento;
  • Depois, pesquise as propostas de renegociação disponíveis. Com essas informações claras, é possível entender o que pode ser reduzido no estilo de vida e quanto é necessário incrementar na renda extra para pagar as dívidas e recuperar o crédito;
  • Também é fundamental aprender a gastar de forma consciente, planejada e priorizar o necessário.

Salário mínimo

No dia 1º de janeiro entrou em em vigor o novo valor do salário mínimo, que será de R$ 1.518.

O reajuste, que representa um aumento de 7,5%, começará a impactar os salários dos trabalhadores a partir de fevereiro.

Esse aumento leva em conta a inflação de 2024 e o crescimento da economia brasileira, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB).

Marina Farias destaca que o aumento do salário mínimo acima da inflação não representa uma “mudança significativa no estilo de vida”.

“Por exemplo, estamos falando de 106 reais de aumento, que, se poupados no longo prazo, podem crescer, mas, isoladamente, não são suficientes para transformar o padrão de vida. Por isso, a educação financeira e o planejamento são cada vez mais essenciais”.

“É preciso entender o que é uma necessidade e o que é um desejo, fazer escolhas mais conscientes, pensar no longo prazo e buscar tornar a jornada financeira mais leve e equilibrada”, conclui.

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