Explosões de supernovas podem ter inundado o Universo primitivo com água

Ao explodir em supernovas, as primeiras estrelas do Universo podem ter lançado grandes quantidades de água no cosmos, permitindo talvez que a vida fosse possível apenas poucos milhões de anos após o Big Bang. 

Essa hipótese, baseada em simulações recentes, desafia teorias consolidadas sobre a evolução cósmica e apresenta dificuldades para ser comprovada. Um artigo científico disponível (em inglês) no repositório online de pré-impressão descreve a proposta – e você pode acessar aqui.

Representação artística de uma estrela explodindo em uma supernova. Crédito: ESO/L. Calçada

Essencial para a vida como conhecemos, a água é um dos compostos mais abundantes no Universo. Além da Terra, já foi encontrada em diversos pontos do Sistema Solar: sob a superfície de Marte, nas calotas polares de Mercúrio, em cometas e até em oceanos subterrâneos de luas como Europa e Encélado. 

Astrônomos também detectaram água em exoplanetas distantes e em gigantescas nuvens de gás espalhadas pela Via Láctea.

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Explosões de estrelas de vida curta podem ter produzido água 

Até então, acreditava-se que a água foi se acumulando lentamente ao longo de bilhões de anos. Isso ocorreria à medida que o hidrogênio, o elemento mais abundante do Universo, se combinava com oxigênio produzido no interior de estrelas e liberado por explosões estelares. 

No entanto, as novas simulações indicam que estrelas massivas e de vida curta, com cerca de 200 vezes a massa do Sol, poderiam criar água em grande quantidade logo após suas explosões.

O estudo sugere que a água teria se formado em densas nuvens de hidrogênio e oxigênio deixadas pelas supernovas. A concentração desse composto seria até 30 vezes maior do que a água presente nas nuvens interestelares da Via Láctea. Segundo os autores, essa descoberta pode mudar a forma como entendemos o papel da água na formação das primeiras galáxias e na potencial existência de vida extraterrestre.

“Descobrimos que a água era provavelmente um elemento-chave das primeiras galáxias, apenas 100 a 200 milhões de anos após o Big Bang”, afirmam os cientistas.

Galáxia GN-z11, que os cientistas acreditam ser a galáxia mais distante e mais antiga já observada, sobreposta a uma imagem do levantamento COODS-Norte. Galáxias como esta, de poucos milhões de anos após o Big Bang, podem ter concentrado grandes quantidades de água. Créditos: NASA, ESA, P. Oesch (Yale University), G. Brammer (STScI), P. van Dokkum (Yale University) e G. Illingworth (University of California, Santa Cruz)

Segundo eles, o principal obstáculo para validar essa teoria é que as estrelas simuladas, chamadas de estrelas da população III, nunca foram observadas diretamente. Até agora, os astrônomos só identificaram traços indiretos desses corpos celestes a partir de estrelas mais jovens formadas com seus restos.

Outro ponto de dúvida é a ausência de grandes volumes de água no cosmos atual, o que pode indicar que boa parte do composto foi perdida. Segundo o site Universe Today, processos como ionização e eventos desconhecidos poderiam ter quebrado essas moléculas, reduzindo sua quantidade ao longo do tempo.

Apesar de essencial para a vida na Terra, a presença de água no início do Universo não garante que ela tenha favorecido o surgimento de vida em outras regiões. As descobertas, embora promissoras, ainda aguardam mais evidências para confirmar o impacto desse elemento no cosmos primordial.

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