Somos mais parecidos com os neandertais do que pensávamos; veja semelhanças

Tente imaginar como eram os neandertais, nossos ancestrais hominídeos. Você provavelmente pensou no estereótipo típicos dos “homens das cavernas”. Esse retrato não é completamente infundado, já que, desde as primeiras descobertas sobre esse povo, o preconceito prevaleceu, os descrevendo como primitivos, brutos e tão inteligentes quanto macacos.

Conforme as pesquisas continuam e a ciência avança, estudos recentes descobriram algo surpreendente: os neandertais podem não ser tão diferentes de nós, Homo sapiens, quanto pensávamos. Inclusive, alguns humanos modernos têm DNA neandertal.

Neandertais e humanos modernos cruzaram há 47 mil anos durante 7 mil anos (Crédito: Gorodenkoff/ Shutterstock)
Neandertais e humanos modernos cruzaram há 47 mil anos durante 7 mil anos, o que contribui para herança genética (Crédito: Gorodenkoff/ Shutterstock)

Neandertais compartilham semelhanças com humanos

A ciência tem avançado no campo da paleogenômica, ue analisa o DNA antigo para reconstruir genomas de organismos extintos. Vale ressaltar que, por se tratar de uma vertente relativamente nova, os resultados não são concretos. A ideia é levantar possibilidades.

Como lembrou o IFLScience, os primeiros neandertais foram descobertos na primeira metade do século XIX. O primeiro foi um crânio de bebê em uma caverna belga em 1829, seguido de restos mortais descobertos em Gibraltar em 1848. Na época, esses hominídeos eram considerados primitivos e brutos, além de nada inteligentes.

Nas últimas décadas, as pesquisas têm se tornado mais avançadas e mostraram que, ao contrário do que pensávamos, os neandertais têm características em comum com nós, humanos (ou nós temos características em comum com eles).

Por exemplo, estudos recentes apontaram que os hominídeos em questão tinham habilidades cognitivas que acreditávamos serem exclusivas dos Homo sapiens (mas em menor extensão). Além disso, eles sabiam produzir e usar ferramentas, produzir farinha, se comunicar com símbolos e usá-los em rituais, e usar remédios à base de plantas para cura.

Uma das principais descobertas foi de um estudo que apontou que alguns humanos carregam DNA neandertal. O Olhar Digital reportou aqui.

Crânios reconstruídos de neandertais em exibição de museu
Estudos sobre os neanderatis estão avançando (Imagem: frantic00/Shutterstock)

Qual o impacto do DNA dos neandertais?

Ter DNA neandertal não significa ter um cérebro neandertal. Evidências atuais sugerem que algumas pessoas com ancestralidade europeia têm cérebros alongados.

Em 2019, Philipp Gunz, paleoantropólogo do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig (Alemanha), descobriu que o gene antigo pode afetar a expressão de dois genes. O resultado é que os crânios humanos ficariam um pouco menos redondos e mais alongados, uma diferença tão sutil que é imperceptível a olho nu. Não havia nenhuma evidência de que o gene neandertal afetasse a cognição humana.

Um estudo mais recente, de 2021, analisou registros de saúde de 28 mil adultos de ascendência europeia para entender se as variantes genéticas neandertais poderiam aumentar riscos de certas condições. Eles pontuaram que as variantes estão associadas a problemas neurológicos, como depressão e distúrbios do sono, e a condições de pele, como manchas secas e escamosas na pele.

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Segundo a pesquisa, os genes ancestrais também contribuem com a capacidade de humanos não africanos transportar tiamina, uma vitamina que transforma carboidrato em energia. Normalmente, nós não produzimos essas vitaminas por conta própria, então as obtemos na comida. Já nos neandertais, a capacidade provavelmente veio porque as dietas eram ricas em carnes, não em carboidratos.

Alguns trabalhos recentes também sugerem a associação dos genes neandertais à predisposição ao autismo. Saiba mais aqui.

neandertal
Fique tranquilo: humanos podem ter herança neandertal, mas não somos primitivos (Imagem: Esin Deniz/Shutterstock)

O que isso significa para nós, humanos?

Reforçando, a presença do DNA neandertal não significa que algumas pessoas tenham cérebros primitivos. Os genes simplesmente reagem com o corpo de formas diferentes.

Também vale lembrar que as pesquisas sobre a influência dos neandertais nos humanos modernos estão progredindo e ajudam a entender como a evolução das espécies moldou quem somos hoje.

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