Asteroide maior que o Maracanã pode acertar a Terra em 7 anos, mas as chances são baixas

Um asteroide descoberto no final de 2024 está chamando a atenção dos astrônomos essa semana. É que, a partir dos dados coletados nas últimas observações, foi calculada uma probabilidade 1,2% de que ele possa atingir a Terra em 2032. Isso seria preocupante porque, pelas estimativas preliminares, esse impacto teria potencial para devastar uma cidade inteira, dependendo de onde isso ocorra. Mas, a princípio, não há motivos para preocupações, porque as incertezas ainda estão muito grandes e, provavelmente, depois de observações mais detalhadas, esse risco será eliminado.

[ Órbita do asteroide 2024 YR – Créditos: JPL/NASA ]

O asteroide em questão é o 2024 YR, descoberto no dia 27 de dezembro de 2024 pelo Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS), a partir do Observatório El Sauce, em Rio Hurtado, no Chile. Desde então, ele vem sendo rastreado por astrônomos de todo o mundo, principalmente porque havia uma pequena chance (inferior a 0,1%) de que o asteroide atingisse nosso planeta no futuro. Essas observações adicionais são essenciais para refinar os dados da trajetória, diminuindo as margens de erro para as previsões futuras. Geralmente, conforme os novos dados vão sendo adicionados aos cálculos, as chances de impacto vão diminuindo, mas no caso do 2024 YR, ocorreu o inverso. Até que na última segunda-feira (27), depois de 238 observações ao longo de 33 dias, foi calculado que existe uma possibilidade de 1,2% de que o asteroide atinja a Terra em 22 de dezembro de 2032

As chances de impacto acima de 1% e o tamanho estimado em torno de 55 metros, levou o 2024 YR a ser classificado como nível 3 na escala de Turim, o maior nível já alcançado por um asteroide desde o Apophis, que causou alvoroço em 2004, chegando ao nível 4 na escala de Turim por conta do risco de impacto calculado para 2029 e que já foi afastado completamente.

Escala de Turim

A escala de Turim classifica os objetos próximos da Terra baseada na probabilidade de colisão e no seu potencial destrutivo. Essa escala é dividida em níveis de 0 a 10, onde o nível 0 indica que o asteroide não oferece nenhum risco, que não existem chances significativas de impacto ou que o asteroide não é grande o suficiente para sobreviver à passagem pela atmosfera. O Nível 10 é atribuído a asteroides cuja colisão é certa e que tem potencial para causar destruição a nível global, podendo comprometer o futuro da humanidade. 

O nível 3, que o 2024 YR4 alcançou esta semana, indica que o asteroide tem possibilidade de impacto superior a 1% e potencial para causar uma destruição localizada. Se atingisse a Terra sobre uma cidade, por exemplo, poderia causar muitas mortes e sérios prejuízos para a infraestrutura urbana. Mas o que isso significa para nós? Devemos nos preparar para o fim do mundo?

Novas observações devem afastar risco

Definitivamente não há com que se preocupar neste momento. Isso porque o acompanhamento do risco de impacto faz parte do processo de detecção e determinação da órbita de qualquer asteroide próximo à Terra. Esse é um processo automático realizado pelo Sentry, o sistema de monitoramento de risco do Centro de Estudos de Asteroides Próximos à Terra da NASA. Acontece que enquanto o objeto não tem observações suficientes para determinação de uma órbita com qualidade, qualquer informação calculada tem elevado grau de incerteza. Isso vale tanto para as previsões de aproximações futuras, quanto para possíveis impactos com nosso planeta. 

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Para se ter ideia do quanto as informações ainda são incertas, segundo os dados disponibilizados pelo Minor Planet Center (MPC), órgão da União astronômica que centraliza as informações sobre corpos menores do Sistema Solar, em 22 de dezembro de 2032 ele poderá estar entre 765 km a 1.6 milhões de km da Terra. O próprio horário da máxima aproximação atualmente está com uma incerteza de 1 dia , 17 horas e 24 minutos. Dessa forma, as observações das próximas semanas devem reduzir as margens de erro desses cálculos e provavelmente, as chances de impacto devem ser afastadas. 

E isso é algo tão comum que, apenas em 2023, 6 asteroides chegaram a ser classificados no nível 1 da escala de Turim, mas foram rebaixados para o nível 0 com o refinamento das suas órbitas.

Mas e se a colisão for de fato ocorrer?

Se as novas observações confirmarem um possível impacto para 2032, os cientistas precisarão trabalhar para obter o máximo possível de informações sobre o asteroide e os efeitos dessa colisão, para a partir daí, definir as estratégias de defesa. Se ocorresse, seria o maior evento de impacto desde o Evento de Tunguska, que devastou mais de 2 mil km² de floresta, na Sibéria em 1908. 

[ Árvores derrubadas e queimadas após o impacto do asteroide em Tunguska, na Sibéria, em 1908 – Créditos: Leonid Kulik ]

Os estragos que o 2024 YR causaria caso atingisse a Terra, dependeria principalmente da massa do asteroide e do local em que ele caísse. O Sentry calculou que o impacto teria uma energia de 8.1 milhões de toneladas de TNT, o equivalente a mais de 500 mil bombas atômicas como aquelas lançadas sobre o Japão no final da Segunda Guerra. Por mais que pareça aterrorizante, precisamos lembrar que, mesmo que venha em direção à Terra, há uma grande chance que o impacto ocorra sobre o mar, que cobre mais de 2/3 da superfície do planeta. Se atingir uma região continental, a maior probabilidade é que caia sobre uma áreas não habitadas, que prevalecem em grande parte do globo. 

Resumidamente, as chances que um asteroide como esse atinja uma área densamente habitada é mínima, mas isso nós podemos dizer agora, quando não temos dados suficientes nem mesmo para ter certeza de que o impacto irá realmente ocorrer. Porque com o refinamento dos dados, seria possível até mesmo determinar o local exato onde o asteroide iria atingir a Terra, caso fosse realmente atingir. Isso nos daria a chance de tomar medidas preventivas para reduzir os danos causados pelo impacto ou até mesmo evitar que ele ocorra, caso tenhamos tempo para isso. 

Vigiar o asteroide é preciso

Apesar de causar certa apreensão, incertezas momentâneas, como essa gerada pelo 2024 YR, são excelentes oportunidades para debatermos a importância de aumentarmos ainda mais a vigilância do céu para que possamos estar preparados para os perigos que vêm do espaço. Asteroides como esse, são grandes o suficiente para causar um grande estrago e ao mesmo tempo, pequenos demais para serem percebidos enquanto estão afastados do nosso planeta. Por isso, a única forma de termos chances de evitar ou minimizarmos os danos de um impacto futuro, é aumentando os investimentos nos programas de busca por objetos próximos à Terra, para que possamos detectar com o máximo de antecedência os asteroides que podem atingir nosso planeta. 

Ainda não podemos afastar definitivamente as chances do 2024 YR colidir com a Terra em 2032. Mas se isso ocorrer, graças à descoberta do ATLAS, e às observações de astrônomos de todo o mundo, estaremos preparados para esse momento. E é justamente para evitar surpresas desagradáveis no fu

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