Sucesso da DeepSeek valida a estratégia ousada da Meta na IA

A recente revelação de que a DeepSeek, uma pequena empresa chinesa, desenvolveu um sistema de inteligência artificial (IA) capaz de rivalizar com as principais tecnologias dos Estados Unidos foi vista como um sinal de alerta na corrida global pela supremacia na IA. A startup também impressionou ao construir sua tecnologia de forma mais acessível e com menos chips difíceis de obter do que seus concorrentes americanos.

No entanto, para os especialistas em IA da Meta, essa não foi apenas a chegada de um novo concorrente. Pelo contrário, representou uma validação da estratégia que a empresa adotou há quase dois anos: a decisão de liberar sua tecnologia de ponta para a comunidade.

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Chegada da DeepSeek validou estratégia da Meta em IA (Imagem: Mojahid Mottakin / Shutterstock)

O impacto da estratégia de código aberto da Meta

Em 2023, a Meta tomou a incomum decisão de disponibilizar gratuitamente sua tecnologia de IA, que havia custado milhões para ser desenvolvida. Esse movimento foi criticado na época, mas a DeepSeek utilizou parte dessa tecnologia, além de outros recursos open source, para criar sua própria solução.

Os executivos da Meta acreditam que o sucesso da DeepSeek demonstra como pequenas empresas agora podem inovar e competir com as grandes corporações, o que era um dos objetivos ao abrir código da Llama, sua família de modelos de IA.

“Nossa estratégia de código aberto foi validada,” afirmou Ragavan Srinivasan, vice-presidente da Meta, ao New York Times. “Quanto mais pessoas tiverem acesso à tecnologia necessária para avançar rapidamente, melhor.”

Meta analisa a tecnologia da DeepSeek

  • A Meta também está examinando de perto o trabalho da DeepSeek, que seguiu sua abordagem e também liberou seu código para a comunidade.
  • Segundo fontes, a empresa criou “war rooms” para realizar engenharia reversa na tecnologia chinesa, buscando maneiras de reduzir os custos de treinamento de IA e aplicar esses avanços em seus próprios modelos.
  • Antes de apostar na IA, a Meta focava em projetos como realidade virtual e foi surpreendida pelo lançamento do ChatGPT, da OpenAI, em 2022.
  • Enquanto isso, gigantes como Microsoft e Google já estavam avançados na corrida pela IA generativa.
  • Para recuperar terreno, a Meta optou por abrir seu código, acreditando que o desenvolvimento colaborativo traria avanços mais rápidos do que um trabalho restrito a equipes internas.

Open source como diferencial competitivo

Diferente de empresas que lucram vendendo IA, a Meta gera receita com anúncios online. A estratégia de compartilhar sua tecnologia busca atrair mais usuários para serviços como Facebook e Instagram, ampliando sua base de anunciantes.

“Eles foram a única grande empresa dos EUA a seguir esse caminho. E foi mais fácil para eles fazerem isso,” destacou Chris V. Nicholson, investidor da Page One Ventures, ao NYT. “A Meta pode oferecer IA abaixo do custo ou até mesmo de graça para atrair mais usuários.”

A decisão, no entanto, gerou preocupação no Vale do Silício, pois modelos de IA abertos podem ser utilizados para desinformação e discurso de ódio. Ainda assim, a Meta defende que os benefícios superam os riscos e que, antes do ChatGPT, a maioria dos avanços em IA era compartilhada com a comunidade.

Se a DeepSeek conseguir provar que sua IA foi desenvolvida de maneira mais acessível do que o esperado, novas empresas podem se beneficiar e expandir o trabalho iniciado pela Meta.

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O epicentro da IA de código aberto pode mudar

Yann LeCun, cientista-chefe de IA da Meta, comentou no LinkedIn que a principal lição do sucesso da DeepSeek não é a ascensão da China, mas sim que modelos de código aberto estão superando os proprietários. “Como seu trabalho é publicado e está aberto, todos podem se beneficiar disso. Esse é o poder da pesquisa aberta”, afirmou.

Nos últimos meses, diversas empresas chinesas passaram a adotar a estratégia da Meta, incluindo a 01.AI, fundada pelo investidor Kai-Fu Lee, que usou partes do código da Meta para criar tecnologias mais poderosas.

Celular com logotipo da DeepSeek na tela colocado na frente de monitor exibindo bandeira da China
Avança da IA na China é grande preocupação para os norte-americanos (Imagem: Stock all/Shutterstock)

Nos EUA, alguns especialistas argumentam que a Meta não deveria abrir sua tecnologia, pois isso favorece o avanço chinês em IA. No entanto, outros defendem que, se as empresas americanas fecharem seu código, o epicentro da IA de código aberto simplesmente se deslocará para a China.

Exemplo disso aconteceu na Universidade da Califórnia, Berkeley, onde alunos construíram um sistema de IA rivalizando com a OpenAI utilizando tecnologias abertas da chinesa Alibaba.

“Quando você está em uma corrida para desenvolver tecnologia, a melhor forma de competir é compartilhar código, fortalecer as bases e acelerar o progresso”, concluiu Clément Delangue, CEO da Hugging Face.

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