O mistério do tubarão sem pai

O Shreveport Aquarium, na Louisiana, Estados Unidos, acaba de presenciar um daqueles momentos únicos proporcionados pela natureza. Eclodiu nas últimas semanas o ovo de um pequeno tubarão-swell. Até aí tudo bem, nada demais. O problema é que, aparentemente, esse filhote não tem pai!

Biólogos americanos vêm acompanhando esse caso desde o ano passado, quando uma fêmea da espécie botou o ovo no aquário. Foram 8 meses de observação até que o filhote nascesse – e nasceu com saúde.

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Acontece que o aquário conta apenas com dois tubarões adultos e ambos são fêmeas. Mais do que isso: de acordo com os responsáveis pelo local, as duas fêmeas não tiveram nenhum contato com machos nos últimos 3 anos. Ou seja, não houve fecundação.

A pergunta que fica é: como, então, uma delas conseguiu botar o ovo? Providência divina? Mágica? Força de vontade? A ciência tem a explicação.

A explicação científica

  • Os pesquisadores trabalham com duas hipóteses e ambas envolvem processos biológicos complexos.
  • A primeira delas se chama fertilização tardia.
  • As fêmeas dos tubarões-swell podem armazenar esperma dos machos dentro de seus corpos e a fertilização do óvulo ocorre muito tempo após o acasalamento.
  • A segunda possibilidade atende pelo nome de partogênese, ou reprodução assexuada.
  • Nela, em vez de exigir esperma, a fêmea é capaz de usar inteiramente seu próprio material genético para se reproduzir.
  • Sim, alguns animais fazem esse tipo de reprodução, mas ela é rara em vertebrados.
Estrela-do-mar no fundo do oceano
A reprodução das estrelas-do-mar é assexuada – algo que várias espécies de tubarões em cativeiro começaram a fazer agora – Imagem: Benny Marty / Shutterstock
  • Existiam registros em alguns répteis e anfíbios e agora começaram a surgir os relatos de tubarões.
  • Em agosto do ano passado, por exemplo, duas fêmeas de cação-liso (Mustelus mustelus) tiveram filhotes dessa forma na Itália.
  • O caso foi descrito em um artigo científico na revista Scientific Reports.
  • E agora temos esse episódio nos EUA.
  • Os cientistas planejam coletar uma amostra de sangue do filhote quando ele tiver crescido o suficiente.
  • O DNA permitirá que a equipe descubra se o pequeno tubarão-swell é o resultado de fertilização tardia ou partenogênese.

Mais sobre a espécie

Swell em Inglês significa “inchar”. E é justamente isso que faz a espécie quando se depara com um predador: ela infla, dobrando de tamanho.

Esse tipo de peixe vive no Oceano Pacífico, em um longo do trecho da costa da Califórnia ao México, com uma população adicional ao largo da costa do Chile.

Seu nome científico é Cephaloscyllium uter, ele pode chegar a aproximadamente 1 metro de comprimento e possui um corpo robusto, com focinho curto e arredondado.

Eles são discretos e ficam o dia todo em fendas e recifes de corais. Sua dieta inclui crustáceos e vermes anelídeos. E, como já dissemos, essa espécie põe ovos – que podem eclodir entre 8 e 12 meses, dependendo da temperatura da água.

As informações são do IFL Science.

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